"Como estava no piloto automático, se alguém me dissesse para continuar a correr talvez eu fosse além dos cem quilômetros. É estranho, mas, no fim eu mal sabia quem eu era ou o que estava fazendo. (...) Nessa altura, correr adentrara o território da metafísica. Primeiro, vinha a ação de correr, e acompanhando-a estava essa entidade como eu. Corro, logo existo." Haruki Murakami, Do que eu falo quando falo em corrida (2010, p. 99)
Trabalho editado, pela primeira vez, pela Martins Fontes, há 10 anos que apresenta um diagnóstico dos problemas mais recorrentes na produção escrita de vestibulandos e universitários, analisando esse diagnóstico à luz das noções relativas ao discurso.
A obra original foi apresentada, em 1980, como tese de mestrado ao Departamento de Teoria Literária do instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP, quando o autor pesquisava junto a Hakira Osakabe.
O diagnóstico deste estudo, procura determinar em função de que circunstâncias específicas, internas à produção das redações e ao seu processo de aprendizagem, os usos, particulares da linguagem manifestam problemas na realização dos mecanismos gerais.
A partir das condições de produção do texrto, o autor entende que se pode estabelecer um quadro de características permitindo uma reavaliação das dificuldades encontradas pelos estudantes para o cumprimento da tarefa de escrever, e auxiliar o levantamento de hipóteses quanto às fontes dessas dificuldades.
A obra dos professores Audemaro Taranto Goulart e Oscar Vieira da Silva (Editora Lê,RJ, 1984) apesar de distante no tempo, se mostra um excelente manual prático a ser utilizado, principalmente, com os exercícios propostos, em turmas do Ensino Médio e pré-vestibulares.
Trata-se de uma obra introdutória ao estudo da Literatura bastante completa, aliando à informação teórica um complemento didático, contendo exercícios e textos suplementares.
Os principais assuntos abordados são: texto literário e não literário, gêneros literários, poesia e prosa, ritmo e espaço, romance, conto ação, lugar e tempo , personagens, ponto de vista e estilos de época.
Um grito pula no ar como foguete.
Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos.
O sol cai sobre as coisas em placa fervendo.
O sorveteiro corta a rua.
E o vento brinca nos bigodes do construtor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair, Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague
CAINDO AS MASCARAS
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Aquele que alicerça as amizades em fofocas ou boatos, não é digno de
tê-las, pois seu caráter é como terreno movediço. Se perdeste por pouco um
amigo, sin...