segunda-feira, 16 de março de 2009

Construção

Um grito pula no ar como foguete. Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos. O sol cai sobre as coisas em placa fervendo. O sorveteiro corta a rua. E o vento brinca nos bigodes do construtor. (Carlos Drummond de Andrade)

2 comentários:

JOGOS DE CELULAR disse...

O poeta conta a história de um operário da construção civil que morreu devido a um acidente de trabalho, falando de sua vida simples e retratando sua condição humana. Enfatiza como foi o último dia de vida desse homem por dois pontos de vista (o dele e o dos demais) ao inverter a ordem das mesmas palavras nos versos. Repare que o ritmo da composição (se escutar a música vc percebe) é reto, lembra uma ascensão em escada, anguloso como os tijolos da obra.

Igor Isídio disse...

A alternância de palavras empregada com maestria no poema nos remete à ideia dos giros concêntricos do operário no ar, quando pode captar imagens de diferentes ângulos nos últimos minutos de vida. Grande Poema!