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Numa de suas principais obras, o escritor franco-argelino Albert Camus faz do existencialismo a razão de sua existência
“Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldades passar 100 anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se entediar.”
Essa frase traduz perfeitamente a exploração do absurdo, conceito que caracterizou o escritor Albert Camus. O personagem principal do romance mergulha num mundo sem emoções e sentimentos, e é a carência de sensibilidade que se transformará na própria arma que o tornará vítima da justiça. Entretanto, nem mesmo a máquina judiciária o fará mudar de comportamento.
A obra de Albert Camus surge para tentar contrariar o conceito de que a arte é a manifestação dos sentimentos do ser humano. A inexistência de emoções leva o personagem a um vazio interior, causando uma profunda resignação no leitor. É impossível não sentir um mal-estar diante dessa frieza. Contudo, analisando a obra pelo lado do realizador e não na visão do personagem, é incrivelmente bem sucedida a maneira de conduzir o leitor a uma reflexão existencialista da vida. Resumindo, Albert Camus é um verdadeiro artista na concepção da palavra por mexer com os sentimentos do leitor, mesmo que esses sentimentos sejam de total repugno diante da leitura.
José Donizetti Morbidelli
Publicado no Recanto das Letras em 16/12/2005
Código do texto: T86593