
Clique aqui para ler o livro em PDF
Numa de suas principais obras, o escritor franco-argelino Albert Camus faz do existencialismo a razão de sua existência
“Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldades passar 100 anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se entediar.”
Essa frase traduz perfeitamente a exploração do absurdo, conceito que caracterizou o escritor Albert Camus. O personagem principal do romance mergulha num mundo sem emoções e sentimentos, e é a carência de sensibilidade que se transformará na própria arma que o tornará vítima da justiça. Entretanto, nem mesmo a máquina judiciária o fará mudar de comportamento.
A obra de Albert Camus surge para tentar contrariar o conceito de que a arte é a manifestação dos sentimentos do ser humano. A inexistência de emoções leva o personagem a um vazio interior, causando uma profunda resignação no leitor. É impossível não sentir um mal-estar diante dessa frieza. Contudo, analisando a obra pelo lado do realizador e não na visão do personagem, é incrivelmente bem sucedida a maneira de conduzir o leitor a uma reflexão existencialista da vida. Resumindo, Albert Camus é um verdadeiro artista na concepção da palavra por mexer com os sentimentos do leitor, mesmo que esses sentimentos sejam de total repugno diante da leitura.
José Donizetti Morbidelli
Publicado no Recanto das Letras em 16/12/2005
Código do texto: T86593
6 comentários:
Mersault, o personagem central, jamais seria um artista pelo fato de ser totalmente dominado por um vazio, por uma crise existencial que ultrapassa as fronteiras da compreensão humana. Desde a notificação da morte da mãe, passando por um ato homicida até a confirmação da condenação, ele age da mesma maneira. Essa indiferença não se faz presente somente nesses fatos, os mais importantes dentro da trama, mas também em outras situações elementares e relacionamentos de menores relevâncias. O absurdo existencial do personagem procura conduzir o leitor a uma identificação com essa experiência, a mergulhar num mar vazio, onde a essência da vida é simplesmente viver. Por outro lado, a análise do trabalho como “arte” reside na capacidade de modificar o comportamento do leitor, ou o mesmo se adere à crise existencial ou repudia a conduta, repúdio que poderá comprometer a própria relação com o autor.
Talvez seja esse conflito que Albert Camus queira estabelecer em nossas vidas, a visão de que somos nada mais do que simples animais irracionais em nossa singela existência, que a morte nada mais é do que uma conseqüência natural da vida, e que os sentimentos e a racionalidade não podem prevalecer diante de qualquer circunstância.
Discordo tanto da resenha quanto do comentário sobre ela. Mersault não é um homem sem sentimentos, ele apenas é verdadeiro em relação a eles. Há também uma mudança na postura do personagem em relação à vida após sua prisão. Mesmo sabendo que tudo é igual, não há diferença entre as experiências, ele toma consiência disso e passa a refletir sobre sua vida, o que não fazia até então. Ns cena em que discute com um padre, no fim do livro, ele se revolta, o que é uma mudança em relação à sua postura na primeira parte do livro. E não chorar pela mãe não é ausência de sentimento ou desumanidade. Camus era especialista em Santo Agostinho, e o Santo, em suas "Confissões", descreve sua postura em relação à morete de sua mãe de forma semelhante a de Mersault: não chora, não demosntra nenhum sentimento. Sente-se culpado pelo sofrimento que sente internamente, pois, pelo ideário cristão, não se deveria sofrer pela morte de alguém, pois ela representa a aproximação com Deus. Portanto, o fato de Mersault ser condenado à morte por não chorar no enterro de sua mãe, ao ponto de ser chamado de anti-cristo, é uma grande ironia, já que a postura do personagem em fora perfeitamente cristã, que nem mesmo o Agostinho, que fundou as bases da filosofia católica, conseguiu ter.
Flávio, seus pontos-de-vista sobre a resenha e os comentários são pertinentes, entretanto, não consigo enxergar revolta em um personagem que, ao início do cap. V, aguarda pela visita do capelão demonstrando, não só medo como, também, impaciência, tendo recusado sua visita por três vezes. A iminência da morte o coloca em uma "sinuca de bico" (não encontrei melhor expressão): afinal de contas, por que não se debruçara sobre o destino dos condenados, enquanto livre? este é um de seus questionamentos. Não bastara isto, quando, em sua última divagação atestando que reencontrara a calma após a partida do capelão, corrobora o que penso sobre a revolta em Mersault. A narrativa lenta, quase um monólogo interior, chega a ser bucolica, se não romântica. Releia, por favor, o ultimo parágrafo da obra e veja o que você acha em relação ao que você pontua como revolta.
ce brb n:16 t:1015 grup:03
Esse video e muito bom porque ele mostra como e inportante viver e não sair jogando a vida pro alto.Esse video tambem passa uma mensagem VIVER TODOS OS DIAS COMO SE FOSE O ULTIMO.
ALUNOS DO C.E.B.R.B. - NÃO FAÇAM O COMENTÁRIO DO PROJETO AQUI !!!
Postar um comentário