Foi o cumprimento do velho Carlinhos, dono do botequim aqui da esquina, sem camisa, sem máscara, indo abrir o bar, cedinho, ao me vir... de máscara.
- E aê, irmão?!
Será que ele já tomou a vacina contra a Covid? Não tá nem aí? É contrário à vacinação? Sei lá...
Pra mim, eu não via a hora! Nem sei como consegui dormir ainda mais, na esperança de que, para o casamento de minha filha, eu já estivesse com as duas doses tomadas.
Segui para o posto na esperança de ser a Coronavac, do Butantã.
Nada feito! Era da Aztrazeneca.
Voltei em casa, peguei o carro e segui para outro posto, e outro, e outro.
No último que iria, já que hoje seria o dia dos idosos com 64 anos, sábado, fiquei temeroso de terminar a aplicação ao meio dia e, então, só na semana que vem, na repescagem.
A atendente disse que, pelo protocolo do Rio, estavam aplicando, para quem seria a primeira dose a da Astrazeneca, da Oxford/Fiocruz e, para quem fosse a segunda, da Coronavac!
Na verdade, não fazia a menor diferença, ser uma ou outra, ainda mais próximo aos 400 mil mortos, sendo que, num só dia, foram de 44 mil, com o nosso estado batendo novamente o recorde com mais de 250 mil.
Era somente a questão do intervalo entre as doses. Não era por ideologia, muito menos pelo medo de virar comunista ou jacaré. Pelo menos, não tinha esta advertência nas bulas de nenhuma das duas.
Entreguei a caderneta de vacinação e a identidade enquanto aguardava - aquele posto estava vazio! - na recepção, claro que, com duas máscaras e passando álcool gel o tempo todo nas mãos.
Entrei.
- Está tudo bem? a técnica de enfermagem amavelmente me perguntou.
- Não podia estar melhor! Ainda que sabendo que a segunda dose seria só daqui a três meses, eu havia sobrevivido, ao projeto genocida do residente em Brasília, que se esforça no darwinismo social. Seria o quinto dos Roitberg a ser vacinado.
Nestes tempos estranhos, o jogo no campo dos adversários encontra geraldinos, arquibaldos, bêbados e equilibristas como imagens ingênuas diante da ignorância, inconsequência e insanidade, de quem zomba da morte, a maioria, sem máscara e alguns poucos, com a máscara no queixo ou passeando com ela na mão, como cestinha, para colocar dentro do supermercado cujo uso por aqui - e no mundo! ainda é obrigatório.
A despeito deste walking dead tupiniquim eu não poderia estar me sentindo melhor.
Apenas pedi que a outra atendente, dentro da sala de aplicações registrasse pra eu mostrar pro meu filho.
Nada feito... em 24 horas, pelo menos de bico seco, apesar de não constar esta informação nas bulas é o que dizem os infectologistas sobre a pós vacinação.
Seringa vazia e coração repleto de esperança de que outras pesquisas deem conta das novas variantes com a ciência lutando contra a falta de incentivos, perseguições aos cientistas e cortes de financiamentos.
Novas cepas gestadas neste solo fértil, laboratório e incubadora, pátria amada Brasil.