terça-feira, 9 de maio de 2023

Entre erros e acertos, o melhor do Rio Antigo.

Eu já havia visto aquelas camisas amarelas com asas pretas em outras corridas, mas foi treinando na orla de Sepetiba, ao responder a um entusiasmado "bom dia!" de um corredor, com a nossa camiseta , me saudando com um sonoro "Appai !" que divulguei o meu canal, o @correndoaos66.

Diminuindo o ritmo pra falar comigo,  me pediu adicioná-lo identificando-se e, pra minha surpresa, falou do projeto Correndo por eles. Até pensei em acompanhá-lo nos seus 18 km que ele me disse que iria fazer, treinando pra Maratona, em junho. Mas eu teria que voltar logo pra casa, pois tinha que preparar o José pro colégio.

A partir daquele dia, tentei por tudo encontrá-lo nas redes sociais. E nada! Como havia feito inscrição numa corrida de apenas 5 km, vinha treinando além disto e, ao abrir inscrição pra uma maior, o Circuito Light Rio Antigo Etapa Largo da Carioca, por já ter baixado meu RP em ambas distâncias, decidi fazer os seus 10 km, o que foi decisivo para o Destino cumprir sua missão. 

Na conversa durante a viagem de carro, de carona com o Paulo, ele me alertou sobre o perigo das curvas daquele circuito, - que, infelizmente e displicentemente eu não havia estudado -  combinamos voltar juntos e nos separamos, pois precisava, antes, encontrar a Renata, que estava com o meu kit, camiseta, número de peito e chip, guardar meus pertences e ir ao sanitário químico. E isto, faltando poucos minutos pra começar a corrida. 

Aguardando a buzina, na estreita rua da Carioca, já na concentração, muitos aplausos pela passagem dos PCDs (pessoas com deficiência), do projeto, sendo conduzidos por outros corredores também uniformizados, na pista lateral largando com antecedência, tiraram lágrimas dos meus olhos, o que, há muito não fazia. 


O que aconteceu foi que, ao confundir parte do percurso, perdi tempo, precisando voltar pra completar os 10 km, já que me confundi com o percurso, tanto pela péssima sinalização, atenção aos check points, quanto pela minha dificuldade entre pensar a estratégia e o circuito sinuoso entre as curvas de antigas ruas de paralelepípedos apertadas do centro histórico,





Mesmo com tudo isto, considerando todos aqueles erros, eu até achei legal o resultado: Fui o 10 da minha categoria (M 64/69) e 591 entre os 4.514 concluintes. Pode ser que precise reavaliar outra vez minha estratégia pra manter o ritmo. Pode ser que esteja perdendo no aumento progressivo da velocidade.



Como havia treinado acelerando de quatro em quatro quilômetros, progressivamente, e descansar no trote por 1 a 1 1/5, sucessivamente, surpreendi-me ao me deparar com o cronômetro à minha frente, na linha de chegada, com as três indicações - 3, 5 e  10 km. E isto, bem antes dos 50 minutos! Claro que não entendi nada e, aflito, pensando numa desclassificação, após cruzar a linha de chegada, imediatamente, pedi orientação ao staff que me indicou retornar até o ponto em que, efetivamente, havia errado o trajeto.

Retornando, perguntando a outros poucos corredores e pedindo orientações, inclusive a um batedor motorizado que passou a me acompanhar durante alguns metros, notei que, realmente, ainda estava na metade da prova e, então, passei a me orientar pelo meu aplicativo mais do que pelos cones que, àquela altura, de pouco ou nada me serviam. E, somente na Av. Presidente Vargas, em direção à igreja da Candelária, é que entendi que logo estaria retornando para, finalmente, completar os 10 km.

Outra vez diante da linha de chegada, faltando pouco para completar a quilometragem total, não duvidei do que fazer: retornei  me orientando pelo meu aplicativo. Finalmente, peguei minha medalha, algumas bananas e água. Claro que o resultado oficial me surprendeu.


Indo ao encontro do Paulo, no lugar combinado, avistei o grupo do "Correndo por eles" com seus triciclos adaptados e uniformes amarelo e preto e o rapaz que me falou do projeto, que tem treinado pra Maratona do Rio para conduzir uma cadeirante.

Era aquilo que eu procurava: uma aplicação prática de todo o meu treinamento, correndo aos 66 anos, me preparando pra outras maratonas.
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Às pressas pra voltar de carona  com o meu parceiro, - que já havia tentado me telefonar - tive que priorizar o sanitário e o lanche, no lugar da costumeira checagem no posto médico e da maravilhosa e tradicional massagem no lounge da Appai, também não tirei fotos como costumo fazer devido aos compromissos de meu colega.

Apresentei-me a um dos organizadores do grupo, falei do meu interesse em conhecer aquele esplêndido trabalho e, ao trocar números de celular, o Rodrigo Krieger, o corredor da orla que eu tanto procurava, voluntário do "Correndo por eles", me apresentou como seu amigo de Sepetiba me recebendo com muito carinho e me incluindo na lista de condutores voluntários para as próximas corridas. Há erros que, por mais absurdos que sejam, acabam promovendo momentos importantes demais para o meu crescimento espiritual. É uma questão de escolhas, sensibilidade e empatia. Ou, então, coisas do Destino que não dá pra explicar.


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