Celebrando o meu 44° Dia do Professor, dedico um agradecimento especial à professora Caroline, não só por se empenhar muito no seu trabalho, generosamente às crianças, como também pelo afeto e carinho ao nosso filho. E quando penso nas professoras da educação infantil, como ela que dedicam suas vidas para cuidar e educar nossos filhos, sinto uma profunda admiração.
Assim como outras colegas da educação infantil, trabalha incansavelmente, planejando atividades, criando um ambiente acolhedor e seguro para nossas crianças. E tudo isso por um salário que, muitas vezes, não corresponde à importância do seu trabalho. Muito desolador é que professoras daquele segmento trabalham bem mais e ganham bem menos que meus colegas do ensino superior. Mais ruim ainda é ver que são elas que puxam as greves lutando não só para o segmento que representam, mas para toda a categoria.
Claro que, nestas mais de quatro décadas em salas de aula, muita coisa mudou na educação, mas, para mim, a sala de aula, para mim, sempre foi um lugar de educação, aprendizagens e formação, em que vivenciei muitas emoções e esperanças: muitos de meus alunos e alunas hoje são pais e mães de família, atuando no mercado com o curso superior concluído.
Quem diria que aquele rapaz, ainda cheio de cabelos, que começou a dar aulas ainda no pré-vestibular, aos vinte e poucos anos, com uma licença provisória do Ministério do Trabalho, chegaria a ser um veterano das salas de aula, viajando em trens lotado?, Ao longo dos anos, participei de diversas lutas por melhores condições de trabalho e salários mais justos. Corri de policiais, enfrentei bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, cercado por policiais, com helicópteros voando baixo pra nos assustar, mas nunca desisti da minha luta. Sozinho, em grup9s, de mãos dadas, a situação pedia a melhor estratégia. Nem sempre combinada durante a viagem no ônibus do nosso sindicato.
Afinal, a educação pública, gratuita, de qualidade é um direito de todos e toda a sociedade, conforme a Constituição por cuja construção eu e minha geração lutamos e dei continuidade com meus colegas de luta.
Foi muito foi bom cozinhar naquelas enormes panelas para aquela galera. Assim, a minha jornada como professor tem sido uma montanha-russa de emoções, da euforia de uma sala de aula animada até a paz de tocar meu violão no fim do dia, em minha casa, com a minha família.
Comecei dando aulas em Copacabana, um mundo distante da realidade que conheceria mais tarde, em trens lotados, da Tijuca à zona oeste. Ria muito quando em algumas vezes dormi no trem e passei da estação! Era só voltar pra casa rs. Quantas vezes me perdi nas linhas de trem da Central do Brasil! Numa vez, chovendo demais, não tinha como entrar no trem devido à superlotação: sentei num dos bares e tomei várias tulipas e canecas. com um colega, meu orientador na UFRRJ.
Na UFRRJ, a experiência foi enriquecedora. As minhas alunas me presentearam com um chá de bebê inesquecível, e, ante disto, participando da banca de vestibular, vivenciei momentos de grande aprendizado. Já dando aulas, como professor substituto, a jornada até a universidade era um verdadeiro desafio, especialmente quando tinha que encarar a Avenida Brasil de madrugada. E chovendo muito com pouca visão. Quase atropelei uma carreta! Tinha que parar para tomar café e acordar pra seguir pra casa.
Foi nas salas de aula que vivi momentos inesquecíveis. Vi minhas filhas crescerem. Minha filha mais velha, viajando comigo, participava de minhas aulas em diversas cidades. Também me dos pequenos gestos de afeto dos meus primeiros alunos de uma escola municipal em Paciência, valorizando a minha presença em suas vidas.
Mas a vida de um professor não é um mar de rosas. Já trabalhei em escolas com recursos limitados, em comunidades carentes, onde a violência era constante. Não foram poucas as vezes que escolas tiveram que fechar para evitar que os alunos fossem atingidos por tiros.
Em São Gonçalo, por exemplo, tive que lidar com a violência nas comunidades, com escolas fechadas por causa de tiroteios e com condições de trabalho precárias. A falta de recursos e a infraestrutura inadequada muitas vezes impediam que eu pudesse oferecer aos meus alunos um ensino de qualidade.
Do ensino fundamental ao superior, lecionando em escolas laicas, religiosas, técnicas de ensino integral e militares, a experiência num colégio militar, em Angra dos Reis, assim como em um religioso, no Catete, me apresentou um contraste total. Lá, os alunos tinham acesso a uma estrutura moderna e completa, com laboratórios, bibliotecas e quadras esportivas. Mas, mesmo em um ambiente privilegiado, os desafios da educação permanecem os mesmos: a necessidade de inspirar, de motivar e de fazer a diferença na vida dos jovens.
Mas, apesar de todas as alegrias, a verdade é que a nossa categoria ainda enfrenta muitos desafios. A falta de valorização, os baixos salários e as péssimas condições de trabalho são apenas alguns deles.
Tem que se valorizar mais os nossos professores, especialmente aqueles que atuam na educação infantil. São eles que moldam as primeiras experiências de nossos filhos, despertando neles a curiosidade, a criatividade e o amor pelo aprendizado. Mas, valorizar com a recomposição salarial, cumprimento de planos de cargos e salários e restituição de tudo o que vimos perdendo desde os anos 80.
Hoje, no Dia do Professor, celebro todas as minhas conquistas e agradeço a todos os meus alunos que me ensinaram tanto. Agradeço também ao SEPE, que sempre esteve ao meu lado nessa luta e, hoje, olhando para trás, vejo que a minha vida foi moldada pela educação. E espero que a minha história possa inspirar outros professores a seguirem esse caminho tão gratificante e desafiador..
A educação é um ato de amor. É investir no futuro, é acreditar no potencial de cada pessoa. E, apesar dos desafios, não trocaria a minha profissão por nada nesse mundo. Afinal, ser professor é mais do que transmitir conhecimento, é transformar vidas.
Por isso, hoje, além de comemorar, quero fazer um convite à reflexão. A educação transforma vidas, e nós, professores, somos os artífices dessa transformação. Que possamos continuar nossa jornada com paixão, dedicação e esperança, sempre buscando um futuro melhor para todos.
Neste Dia do Professor, quero fazer um chamado à reflexão. A educação é a base de uma sociedade mais justa e igualitária. E para construirmos essa sociedade, precisamos valorizar e apoiar os nossos professores. Que tal começarmos por reconhecer o trabalho incrível que eles realizam e exigir melhores condições de trabalho e remuneração?
E, além da reflexão, para celebrar este dia tão especial, nada melhor do que um bom churrasco, uma música, uma cervejinha gelada (pra quem gosta!) e muita alegria. Afinal, depois de tantos anos de luta, merecemos um descanso!
Parabéns, professora Caroline, e todas e todos os meus colegas de luta por mais este dia, porque DIA DO PROFESSOR É TODO DIA!