
BUSQUE AMOR NOVAS ARTES, NOVO ENGENHO
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
qu não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Qua não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Camões - épica e lírica. Coleção Margens do texto (Benjamin Abdala Junior, org.). Ed. Scipione, S.P. 1993. Pág.68
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