Machado de Assis (1839-1908) já era escritor
conhecido quando se dá a Proclamação da República, através de um edito, e, não,
da vontade popular, em 15 de novembro de 1889. Ao Império e ao Antigo Regime,
impunha-se o modo republicano de gerir o país, através da mudança do regime
monárquico para a República. presa à prática
escravagista, base da economia colonial. Antecedendo a conjuntura, poucos anos
antes, Machado, dentre outras obras, escreve o conto "A sereníssima
república", integrante da obra Papeis Avulsos (1882) cujo protagonista, o
Cônego Vargas, descreve um Estado à semelhança de uma espécie de aranha que
fala. Atento às discussões políticas do meio em que circulava, o escritor, à
semelhança de um cronista, descreve um sistema eleitoral baseado na República
Veneziana: ao se retirar bolinhas de um saco com o nome dos candidatos que
pleiteavam cargos no Governo, saber-se-ia, de maneira prática, rápida e
transparente, quais os governantes eleitos. Nas últimas semanas, muito se tem
ouvido falar em Reforma no Sistema Eleitoral, como, por exemplo, o retrocesso
ao modelo de votação, ao voto distrital, proporcionalidade, coligações...; mas,
a questão apresentada por Machado – tão atual! – se resumiria a, simplesmente, no
sistema, no modo e no método de escolha dos candidatos? Ou o autor nos permite
ir além? Enxergar outras possibilidades? Além do seu tempo?!
Leia, então, o conto que segue, A sereníssima República, de Machado de Assis e pense estas questões tão atuais...
Nenhum comentário:
Postar um comentário