quinta-feira, 10 de setembro de 2020

O amiguinho.

Mais de seis meses se passaram desde que entramos em isolamento social, eu, Ana e José em nossa casa, devido à pandemia do covid-19. Apesar do prejuízo afetivo do afastamento de nossa família, amigos e colegas, eu e minha companheira acho que acabamos criando uma rotina que minimizou os traumas, entre lives, redes sociais, telefonemas... 

Mas, pensando no nosso filho é que às vezes bate uma incerteza de estarmos ou não fazendo o que é pra ser feito, pois ele, mal começou na creche e logo as aulas foram suspensas.  Inventamos brincadeiras, pintamos, desenhamos e jogamos bola com ele. 

Ele brinca na piscina de bolinha, no escorrega, caminha na "prancha do pirata" e na "trilha perigosa", com o carrinho de boneca, com o carrinho e  o velocípede, com os dinossauros, homem aranha e todos os outros brinquedos dele, além dos, claro, com tudo o mais que ele inventa. Sozinho, com a gente ou com suas irmãs, nossos animais..

Seis meses acreditamos ser muito do que ele teria desenvolvido na creche, mas, em compensação - também sabemos - ele não nos teria integralmente pra ele, em função do home office. Do acordar pela manhã, ao dormir, à noite, partilhamos nossas alegrias em ver o quanto ele tem desenvolvido e, tão maravilhoso quanto isto, as tiradas criativas, expressões engraçadas, ranzinzices e reclamações em um menininho de pouco mais de oitenta centímetros de pura explosão e pilha duracel autocarregável, 

Nosso vizinho tem um menininho um tantinho maior que nosso filho e, como eles não podem se encontrar, quando José ouve a voz dele ou escuta ele correndo, chama ele pelo nome e, apontando para o muro me diz que é o menino.

Isto sem contar as vezes que ele se refere ao primo, também, afastado dele, ou  seja, José, neste período tão delicado e sensível do seu crescimento e amadurecimento psíquico socioemocinal, incluindo, aí, todo o start de sinapses, maturação e crescimento dos neurônios.

Sabemos que, associado à atividade física, a creche estaria dispondo de todo um trabalho profissional de qualidade inigualável e responsabilidade ímpar com o nosso filho, da mesma forma que sabemos da extrema necessidade do sociointeracionismo na construção do pensamento e estruturas cognitivas para o desenvolvimento integral das crianças, nesta idade, o que aumenta, além do nosso amor pelo nosso filho a nossa responsabilidade em dar o nosso melhor para ele. 


Daí que, em função das expectativas nada agradáveis do desenvolvimento de uma vacina e início de aplicação em larga escala lá pra 2022 é que temos nos empenhado, diariamente, nesta rotina superagradável de brincadeiras, contação de histórias do folclore, parlendas, desenhos com a nossa criancinha, o que, apesar do contexto e por mais estranho que pareça já que não somos insensíveis com aqueles que perderam entes queridos devido à pandemia, preenche nosso cotidiano de felicidade.

Junto a todas as demandas que sempre existiram, agora, nos vimos empenhados a  outras novas que exigem atenção especial para o nosso cuidado e daqueles que tanto amamos, tornando o nosso dia a dia menos tenso diante deste futuro tão incerto que se nos apresenta mas, com um diferencial esperançoso de estarmos dando o nosso melhor, assim como tantos pais, mães e responsáveis, conscientes e esclarecidos sobre os perigos do covid-19 que se encontram em situação semelhante com seus filhos pequenos dentro de casa. E sem o amiguinho.

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