sábado, 17 de dezembro de 2022

Promessas, planejamento e propósitos. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 11/22)

Ainda não foi desta vez que cumpri minhas promessas feitas na festa da virada de ano, pra 2022, como todo brasileiro faz todo ano. 

Não vou correr a São Silvestre, não fui na 2a etapa da Nigth Run, perdi provas consideradas importantes como treino para corridas longas, como a S1K, o Circuito das estações Verão, a corrida do  Rio Antigo, pelo corredor histórico e cultural de minha cidade.

No saldo deste ano que termina, considero importante ter tocado, ainda que bem menos que poderia, o meu violão e ainda consegui nadar algumas vezes. Cuidei bastante do nosso jardim,   li bons livros, visitei minhas filhas e as abracei muito na casa delas e no aniversário do irmão delas aqui em casa. O WhatsApp, apesar dos pesares, tem nos ajudado muito em nossos laços e enlaços.

Ou seja, tem muito mais ganhos do que perdas neste ano quese finda: só o fato de a nossa contribuição aqui em casa pra restituir a democracia e evitar uma tragédia social já seria suficiente pra declarar 2022 um ano vitorioso, sem desprezar as mais de 692 mil mortes pela Covid 19. 


Não há mal que sempre dure, ensina a sabedoria popular. Tudo é inconstante, e a morte é uma certeza, diz o budismo, mas dói muito a perda de tantas vidas, ainda que desconhecidas, tanto quanto de quem nos é próximo: quem não vivenciou a dor e o luto pela partida de algum parente ou conhecido pela pandemia, cujo ritmo de vacinação segue lento, devido ao negacionismo, e ações políticas do governo,  ora despejado de Brasília: a ausência de empatia demonstra uma insensibilidade atroz,  talvez alguma forma de sociopatologia.

É muito triste ver num país como o nosso, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, 33 milhões de pessoas passando fome, somando aos 9,5 milhões de desempregados, fechando o ano com um déficit orçamentário de R$ 231 bilhões,  resultado de um governo despreparado e ineficaz. 

Mas, há, também, o que comemorar: a vitória da Argentina, de Messi, na Copa do Mundo e a derrota de um time, com alguns jogadores estrela, bem mais preocupados com o dinheiro e a fama que com qualquer outra coisa, além do futebol bonito, bacana e gostoso de se jogar, - haja vista a ausência no enterro do Pelé, - também conta positivamente. 

Destaque positivo para declarações de alguns jogadores conscientes de que existe uma outra luta, bem maior - a luta de classes! Não somos e nunca seremos uma pátria de chuteiras!

As risadas dos memes, pós eleição, no Brasil, também contribuíram muito para a nossa alegria depois de 4 anos de profundo pesar, traumas e perdas, o que, milagrosamente, tem sido revertido pela esperança que assola o povo brasileiro.

Empenhei-me na minha saúde integral de corpo, alma e espírito. Ortopedista e nutricionista esportistas, cardiologista,   psicoterapeuta, exames e testes "ok" e voltei a me empenhar no fortalecimento muscular nos dias em que não corro. 

As práticas de autoconhecimento, a terapia e a filosofia zen budista tem me ajudado bastante na minha jornada para relacionamentos saudáveis.

Árvores dando frutos, grama bem cuidada e aparada; meu filho, com quem tenho brincado muito , formado na creche e indo pra pré escola; minha esposa, formada e começando uma segunda graduação.  
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Minha paixão declarada pelas corridas tem estimulado alguns e algumas colegas a abandonarem o sedentarismo. Minha filhas indo bem no trabalho, meu afilhado empregado, parentes próximos tendo feito cirurgias complexas com sucesso. 

Todo sábado, dia de folga na minha planilha de treino, num encontro com alguns novos amigos conheci um tatuador e falei pra ele do meu propósito em fazer uma tatuagem na batata da perna de 42 K ao completar a minha primeira maratona neste meu retorno às corridas de rua., depois de mais de 30 anos longe das pistas. 

É que, encerrando o ano, após um treinamento estoico, com pace 6.0, fazendo 10 k em aproximadamente 1 hora, com certa tranquilidade, ritmo e fôlego confortáveis, sem outras dores musculares além das que todo corredor convive obrigatoriamente, me sinto seguro pra enfrentar este desafio, indo além, agora, disputando - comigo mesmo! - na categoria dos veteranos, acima dos 60 anos.

Os planos pra 2023, pensando no meu propósito, a longo prazo, em busca da longevidade saudável,  contém diversas corridas, mas tudo depende do planejamento em meio a negociações,  flexibilização e muito diálogo com familiares, companheiros e com quem convivo, trabalho e treino, pois planejamento feito sozinho têm grandes probabilidades de fracassar. 

Os resultados continuarei publicando aqui para estimular práticas e hábitos saudáveis, principalmente, para as corridas de rua. 

Muito mais do que promessa, planejamento e propósito, acho que escrever sobre o que gostaria que acontecesse não só me motiva como me faz construir caminhos, encontrar facilitadores e aproveitar oportunidades para realizar o que se fizer necessário, bom e útil pra mim e para aqueles que eu amo e com quem mantenho relacionamentos, em busca de longevidade saudável e harmonia comigo mesmo, com outras pessoas, com a natureza e outros seres. 


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A Corrida Internacional de São Silvestre. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 10/2022)

A Corrida Internacional de São Silvestre 


No dia 15 de setembro foram oficialmente abertas as inscrições para a 96a Corrida Internacional São Silvestre. Fui logo verificar o desconto pra minha categoria que é de 50% por lei. 

Ainda fiquei umas duas semanas pra me decidir por me inscrever apesar do incentivo do Sérgio  meu amigo da Efusivos, grupo de corridas de rua só de "canelas de ferro" .

No começo da semana, uma colega de 59 anos me disse, na sala dos professores, toda entusiasmada, que tinha uma boa notícia pra me dar. Ele mostrou a inscrição dela para a São Silvestre. 

Mas, o que ela frisou foi a palavra "atleta ", muito mais que  propriamente, a inscrição. Há uns quatro meses, ela havia me falado que eu estava estimulando ela a caminhar . Logo depois, ela passou a pedalar longas distâncias e, agora, vai correr a São Silvestre. 

Fiquei sem correr um bom tempo depois da Meia da Reserva, tanto devido a uma dor no calcanhar e na anterior da coxa  quanto pela minha preocupação com o meu baixo peso .

Até que o Drauzio Varela, mais uma vez, me tirou da inércia. Comprei as passagens!

Comprei  não: retirei pela gratuidade por lei federal. Agora falta inscrição e estada. Vou ver com o nego. 

Enfim, voltei às ruas muito mais pela Maratona Internacional de São Paulo, em abril de 23 que propriamente pela São Silvestre. 

Não por falsa modéstia e muito mais pra manter o volume de treino: afinal, são apenas 15 k e eu já havia acumulado duas meias, duas se 10k e uma Nigth Run .

Entretanto, no final de outubro, devido à cobertura vacinal que volta a cair, à falta de  vacinas e ao negacionismo, os casos de Covid com novas variantes voltam a crescer e o governo do estado do Rio de Janeiro orienta o uso de máscaras e o retorno aos protocolos sanitários .

Decidi, definitivamente, não participar da prova e cancelar as passagens e  a reserva no hotel, assim como não  compareci a duas outras provas em que havia feito inscrição: circuito estações verão e Rio Antigo pela Appai.

Como me esqueci de anexar o comprovante da justificativa numa delas, recebi a sanção de 60 dias pela Appai-RJ. Ainda bem que as corridas que me interessam pela associação acontecem depois de maio. 

A Corrida de São Sebastião do Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro, dia do padroeiro da cidade, não tem inscrição pela Appai-RJ.

Como esta será minha primeira corrida em 2023, cujo planejamento ainda estou fazendo, e somente me decidi por não correr a São Silvestre faltando pouco, mantive o meu programa de treinos e, decidi fazer os seus 15 por aqui mesmo, no mesmo dia e horário. A falta do desafio final da Brigadeiro vai ficar pra próxima. 


Corridas e processo terapêutico. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 09/2022)

Corridas e processo terapêutico 

Sobre a endorfina 

Correr é fugir dos problemas?

Da terapia pro cardiologista. Do cardiologista pro ortopedista. Do ortopedista pra nutricionista 

Só não consigo dar bom dia pra passarinheiro. 

A Meia da Reserva. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 08/2022)

A Meia da Reserva 

Última semana antes de mais uma prova charmosa no calendário oficial de corridas do Rio de Janeiro. A orla da praia do Recreio dos Bandeirantes. 

Aproveitei todo o treinamento para a Meia Internacional do Rio e adicionei alguns elementos nas sessões. Mantendo o meu ritmo, creio ser possível concluir 
a prova em 2h20m, já que nos treinos leves e pesados de 10 km tenho realizado em 1h5m, com pace 6.40 ou 6.30.

A intenção é me preparar pra maratona em 4h20m, utilizando o mesmo método de treino atual - anabólise/catabólise/supercompensação - (Revista Contrarelógio, Rodrigo Bicudo...) associando a treinos para diminuir o pace. 

Também pretendo me esforçar mais na ingestão de água, tornar mais rigorosa a alimentação necessária e aplicar na musculação (Sesc, Vila Olímpica, Appai).

Isto sem contar a aquisição de um bom par de tênis, de um relógio para corridas e tabela de treinos, elaborado junto ao professor de educação física da FAETEC, o Franco, onde trabalho. 

Como o circuito já é bem conhecido meu, apenas assisti a um vídeo e tenho procurado obter informações sobre transporte coletivo, já que a prova acontecerá no domingo e pensei na possibilidade em ir de BRT...

Na semana da prova, encerrei todo o treinamento para a corrida de maneira bem confortável  nos 10 km em 1:05 no mesmo circuito plano da Orla de Sepetiba que tem se mostrado útil e suficiente para treinos de provas de até 21 km.
No dia 15 de agosto, fui retirar o meu kit na sede da Appai, no Centro do Rio e curti muito o comentário do rapaz do atendimento: não sei se por gentileza ou deferência, ele começou perguntando se eu era de 21K.

Não perdi a oportunidade e respondi jocosamente que  se eu fosse um pouco mais jovem, certamente poderia ser de 5 ou 10 K. Aos 65 anos já posso me permitir os 21 rs

Ainda aproveitei pra confirmar a lounge pelo que ele não só confirmou como, também, apontando pra pulseira laranja presa no envelope do meu kit que teria também massagem , guarda volumes...

Era tudo o que eu precisava pois sairia muito cedo de casa e, se estivesse frio, teria que ir de agasalho. Massagem sempre é muito bem-vinda, ainda mais depois de correr a metade de uma maratona . Mas o guarda volumes é imprescindível!

No corredor, passei por uma sala cuja porta estava aberta e pra minha surpresa e encantamento era uma loja com tudo que uma pessoa apaixonada por corridas deseja. 

Uma parede inteira de tênis de corrida, meias de todo tipo, videiras, pochetes, latas de leite. 

LATAS DE LEITE?!

COMO ASSIM?!

Foi assim... Acordei as 3hs, passei o café, apenas tomei água e fiz minha higiene. Ainda na dúvida se desistiria  pra ficar com meu filho  que estava com febre, mas pretendendo voltar cedo, acordei as 3, peguei a bike pedalei até o ponto de ônibus às 4 da madrugada,  pra pegar o BRT rumo ao  Recreio. 

José estava dormindo bem, junto com a mãe no quarto dele. Depois de uma viagem tensa  pra voltar logo e pra não me atrasar muito, ainda tive de correr até a largada  na praça Tim Maia, numa chuva torrencial. 

Fui o último dos 21 k a largar, e isto graças à CET-RIO que, por questão de segurança, pediu aguardar e  um rapaz me ajudar, já que meu chip perdeu o adesivo. Ainda mais embaixo de chuva, não seria demais que ele se soltasse do cadarço preso do tênis. Atrás do número de peito é bem melhor ! 

Como não iria disputar mesmo, ainda voltei alguns metros pra ver se achava...rs. Claro que não aconselho isto a ninguém! Sunds mais que era só eu recorrer aos organizadores o que fiz no dia seguinte. Fui adiante.  

Meias, tênis e roupa encharcados , logo nos primeiros km, mas a temperatura, na casa dos 18°, até que estava boa pra manter o ritmo dos treinos.
 
"Vai, Julio! " um, amigo gritou já no retorno. E eu, ainda indo... Claro que dá um baita incentivo, tanto quanto ser chamado de veterano pelo fotógrafo na chegada. 

No geral,  a prova foi boa. Pena não ter aproveitado o visual da orla do Recreio dos Bandeirantes. E, claro, não deveria ter perdido tempo procurando o chip, tampouco me esquecer de proteger meus documentos da chuva.

Mas o café com leite quentinho, o lanche e a massagem valeram quase tanto quanto a medalha . 

E, pra quem correu o tempo todo com vontade de urinar,  o banheiro químico é o Éden. Claro que nem pensei em concorrer ao sorteio.  

Ainda deu pra eu levar a medalha pro meu filho direto no hospital. A febre já tinha baixado, mas, por zelo e carinho, minha esposa trouxe pro médico.
Encerrar o dia com meu filho dormindo bem, uma boa refeição com direito a duas latinhas de cerveja, um demorado banho bem quentinho e a vitória do Fluminense exatamente contra o Flamengo, foi tudo de bom naquele dia. 

Mas, o que eu jamais poderia imaginar eram os resultados...
16° colocado na minha categoria  aos 65 anos e 3° na equipe da Appai, não dava pra acreditar. Foi quase um sub 2 ! Se arrependimento matasse, eu jamais teria voltado pra procurar o que quer que fosse!

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Perigos na pista. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 06/2022)

Perigos na pista 

Até agora, só participei de uma prova com a Blue line,  pintada no asfalto, reservada à orientação dos corredores. No mais, o tangencimento nas curvas, ideal como estratégia, tão disputado, tem me levado a forçar mais uma perna que a outra. 

Dores na parte posterior de uma das cochas, não se dão apenas devido a sobrecarga, mas, também,  por causa de sprints, desequilíbrio ou fadiga muscular.

Foi assim que, ma corrida virtual do Dia dos Professores, no  mês de outubro, já no 8 km dos 10 da prova, novamente senti a fisgada na anterior da coxa esquerda. A dor foi tão intensa que fiquei na dúvida se terminaria a prova andando. 


Resolvi diferente: busquei abrir menos o joelho para diminuto a abertura da passada. Claro que acabei forçando a batata da perna. Mas conclui a prova com um resultado razoável pra minha situação. 

Claro que faço consultas ao ortopedista e, na última visita, além de me receitar um bom par de tênis, melhorar minha postura e me alongar bastante, me pendurando numa barra ferro o que tem aliviado bastante a base da coluna, além dos braços e ombros. 

Corredores de rua precisam atentar para buracos, poças dágua,  cachorros que latem e correm atrás da gente, desníveis, objetos nas ruas o que nos faz dividir nosso olhar entre os carros, bicicletas, pessoas, cães e gatos . 

Não sei se é privilégio de Sepetiba, mas, raros são os motoqueiros que, para fugir aos quebra molas, passan no vão rés ao meio fio.

Ainda fugindo das aglomerações devido à pandemia foi que numa curva, precisei subir na calçada repentinamente o que me fez sentir o calcanhar por muito tempo. 

Sentir conforto no desconforto, como diz o Rodrigo Bicudo, educador físico, me leva a pensar muito antes de consultar um especialista.

Correr olhando o chão força demais o pescoço e nos impede correr com a adequada postura, o que, pra quem já não é tão jovem, leva a, no final do dia, precisar de gelo ou bolsa de água quente. 

Num dos treinos fortes, de 10 km, me preparando para os 21 km, da Meia da Reserva, dentro de duas semanas, desconfiei do laço do meu tênis e desprezei a Lei de Murphy. 

Logo no começo, precisei dar um melhor aperto e pensei se não teria sido melhor dar um nó em cima do laço. Então, na metade do percurso, exatamente num dos trechos onde poderia desenvolver maior velocidade, senti o tênis solto no pé e tive que parar. 

Como miséria pouca é bobagem, um rapaz  que passou por mim, ainda fez um gracejo dizendo que assim eu perderia o ritmo. 
Fazer o quê, respondi pra ele, devolvendo o bom humor da brincadeira. 

À noite, aumentam os perigos, não só devido à pouca iluminação em alguns trechos  como também os faróis que nos cegam quando optamos por correr na contra mão. 

E nem estou falando da iminência dos assaltos ou possibilidade de atropelamento relógios caros, celulares com fone de ouvido chamam muita atenção o que nos torna presas fáceis para oportunistas.

Em nosso grupo de WhatsApp, alertamos mutuamente sobre trajetos perigosos, a que se acrescenta saber  que  o deslocamento no Rio de Janeiro de determinadas regiões,  ao centro ou zona oeste são tremendamente desaconselháveis. 

Sacar o celular do bolso ou da pochete pode aumentar o perigo. Melhor é mantê-lo no suporte de braço quando não se possui smartwhatch. 

Certa feita  correndo pela orla de Sepetiba , tirei o celular da pochete e  com ele não notei que vieram juntos os meus documentos que caíram no chão. Sorte minha que  outro encontrado corredor passou por mim e o achou e guardou. 

Algumas semanas, depois de eu ter cancelado os cartões e registrar a perda do meu RG, conseguiu fazer contato comigo, através das redes  e generosamente me entregou. 

Deus não joga dados com o universo e desconfio dss coincidências. Acho que existem leis de concausância.

Noutro treino, o longão do último domingo, retornando em meu circuito pra conseguir o volume necessário, vi uma carteira caída no asfalto e me abaixei pra pegar tentando diminuir a velocidade, mas  sem parar, o que estimei ser possível e tranquilo...

Ledo engano: não só me desequilíbrei, como voei, literalmente, caindo de peito batendo com o queixo no chão. 

Nem imagino como só quebrei o aro do meu óculos que, felizmente, estava dentro do bolso. E uma pequena escoriação no dedo da mão que, mais tarde, José, observador como ninguém, perguntou o que era aquilo. Minha companheira, dias depois, estranhou meu queixo inchado. 

Claro que eu teria que ter desacelerado mais até parar. Mas, a ânsia, tanto de não interromper o treino, como de aproveitar a oportunidade de retribuir episódio idêntico, me levou ao erro muito grave cujas consequências poderiam ter sido bem piores. 

Como diz o meu irmão: velho só morre de resfriado, queda ou camareira. 




quinta-feira, 1 de setembro de 2022

A 24ª Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 05/2022)

A 24ª Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro 

O maior evento de corridas


Saí de casa no começo da tarde do sábado e fui direto pra Marina da Glória a fim de pegar o meu kit, - que mais parecia uma cesta básica!   - retornando pra casa da Nathalia. 

Não me detive na Expo Atleta, a feira de artigos esportivos porque pretendia chegar cedo na casa de minha filha, além de que não haveria motivo pra gastar dinheiro com supérfluos, ainda mais nestes tempos de preços altos que o brasileiro vem amargando há muito! 

Aliás, uma das coisas boas da Appai, reside nas inscrições de seus associados nas principais corridas do calendário oficial do Rio de Janeiro, o que tem gerado muitos elogios até de quem não é beneficiário daquela associação de professores e profissionais da educação.

De lá, no dia seguinte, iria pro Leblon, local da largada alterado naquela edição da 24ª edição da Meia Maratona da Cidade do Rio de Janeiro, no domingo, 21 de agosto de 2022. 

O pelotão geral, do qual eu faria parte, largaria às 7h15m pelo procurei chegar com uma antecedência de, no mínimo 40 minutos, o que consegui realizar pois, diferente de outras áreas do Rio de Janeiro, o transporte público, na zona sul, funciona a contento, mesmo nos finais de semana.

O glamour daquela prova, segundo a imprensa, tem tudo a ver com o cenário, "de tirar o fôlego", segundo a matéria do jornal O Globo, sendo uma das provas que mais atraem corredores de todo o país, com os seus 21 km pela orla da Cidade Maravilhosa, com largada no Leblon e chegada no Aterro do Flamengo, na praça Cuahtemoc, na Glória. 

Realmente, conforme o noticiário, o esmero e o capricho da organização daquela prova despontava, principalmente, na infraestrutura. 

Sua organização contaria, além dos postos de hidratação durante o percurso, com distribuição de água e isotônicos e torrones, oito postos médicos, todos com ambulâncias e UTIs, cinco postos com banheiros químicos, incluindo ônibus guarda-volumes.  900 pessoas, distribuídas pela largada, contribuiriam para o sucesso do evento somando aos médicos, paramédicos, socorristas, agentes de trânsito e demais órgãos públicos necessários à prova.

A Meia Maratona do Rio, segundo o site oficial, a mais bela do país, possibilitaria a obtenção de tempos baixos devido ao seu rápido percurso, o que verifiquei durante toda a prova, principalmente, devido à velocidade imprimida nas curvas e em seu trajeto quase que exclusivamente plano, com poucas subidinhas. 

Sua suspensão, desde 2019 devido à Covid dotava sua realização de uma atração diferenciada tamanha a ansiedade de quem conseguiu realizar a inscrição o que logo percebi no local da largada, no cruzamento das avenidas Delphin Moreira com Borges de Medeiros

Apesar de já ter participado de algumas corridas de rua importantes no calendário esportivo, aquela seria bem mais concorrida. 

Estávamos retornando de um longo período de afastamento devido à pandemia. Sorrisos escondidos pelas máscaras. Muitos abraços e apertos de mãos de velhos e novos conhecidos . Como é bom dar bom dia, principalmente, a pessoas desconhecidas!

Nathalia não só me promoveu uma agradável noite de iguarias calóricas, mas, também, deixou o café preparado e uma marmitinha com um delicioso e nutritivo sanduíche

De sua casa no Andaraí, fui de ônibus,  até  o Leblon, ponto final da linha, local da largada, chegando num horário bem confortável e tratei de procurar pelo guarda volumes da organização. 

Surpresa para este dinossauro aqui: uma fila interminável de ônibus amarelos, com o indicativo dos números de peito no para brisas, ao final da área reservada para a largada.

Coloquei o meu agasalho preto sobre a camiseta oficial, o boné do Fluminense que ganhei pelo dia dos pais, já com o número de peito devidamente, colocado com os alfinetes e entreguei meus pertences à recepcionista, na porta do ônibus  que Identificou tudo me devolvendo o recibo.  

Finalmente estava liberado pra ir pra fila dos sanitárias químicos. 

O clima era de uma grande festa no setor verde pra onde eu fui designado largar.  Um DJ animado dava as boas vindas a enorme multidão que, dada largada, caminhava em passos lentos, tamanha quantidade de corredores. 

Definitivamente, o cenário honra os elogios desta consagrada prova pela beleza e diversidade da natureza: praias, montanhas, monumentos, casarões e prédios históricos, estação das barcas. E isto temperado com a memória e os cheiros da infância aos vinte e poucos anos vividos por aquelas ruas, prédios e orla da zona sul do Rio de Janeiro.

Morávamos eu, mamãe e meus irmãos em Copacabana, no posto 6 e íamos pra escola pela praia além de, na adolescência, cruzávamos o túnel novo, do Lido a Botafogo trabalhando como office boy, entregando catálogos aos comerciantes locais. 

Dentro do túnel, muitos aproveitam para gritar palavras de incentivo e não tinha como me emocionar. Era um entusiasmo só daquela onda de corredores que trocaram uma cama quentinha por um sacrifício exaustivo aos músculos e articulações, depois de 5,5 km corridos, já na Avenida Princesa Isabel, prestes a cruzar o túnel. 

Aquelas canoas eram velhas conhecidas quando, fingindo ajudar os pescadores, lá pelos anos de 1965, ("diz que") ajudando a puxar a rede (sqn), ganhava algumas sardinhas, reforçando o almoço lá em casa. Como não registrar aqueles momentos?!

Crianças não sentem frio, ainda mais correndo e jogando bola na areia da praia.  Mas, na terceira infância, sim! Pra mim   a sensação térmica naquela manhã de agosto, no Jardim de Alah, era bem inferior aos 17° dos termômetros, o que diminuiu mais ainda na saída do túnel, já na praia do Flamengo, quando a chuva fina quis apertar.

Eu havia me preparado pra enfrentar um frio bem maior, levando a minha long jonh, lembrança do surf e, com o pace já perto dos 6, tirei o agasalho - já não sentia mais tanto frio. É que sou daqueles que entendem que, para uma corrida acima dos 5 km, em que terei que correr por um bom tempo, o primeiro quilômetro já serve como aquecimento, pelo que descarto o gasto de energia desnecessariamente.  Um alongamento me prepara tanto psicologicamente, quanto manda os estímulos necessários à prontidão muscular.

Deixei passar o primeiro posto dos sete de hidratação, pois havia pensado em pegar apenas três copinhos. A organização havia disposto 300 mil copos plásticos distribuídos durante o percurso em seus sete postos de hidratação com o estímulo do seu oferecimento pelo pessoal de apoio.

Já passando da metade da praia do Flamengo, e, ao fundo, a imagem turística, da baía se Guanabara, com o Pão de Açúcar despontando com o seu bondinho. Naquele ponto, próximo a metade da prova, dava pra sentir como foi importante cumprir todo o treino planejado, durante quatro meses.

Em frente ao comando da aeronáutica fizemos o retorno pro centro histórico sob aplausos e mais gritos estímulo por faltar apenas 3 km eu continuava me sentindo confortável no meu pace entre 6 e 7 o que me levou a refletir sobre a funcionalidade do método de treinamento progressivo, volume e intensidade do projeto Bora Correr. Nem ao menos o desconforto da câimbra no diafragma me assolou como em tantas outras.

Cruzei 




A Maratona do Rio de Janeiro. Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 04/2022)

A Maratona do Rio de Janeiro 

As inscrições para algumas corridas importantes para o calendário de corredores são altamente disputadas não só pela possibilidade de acumular resultados pra outras provas mais importantes ainda. 

Apesar doa distanteaes 42 km da Maratona do Rio de Janeiro, eu me vi preparado física e mentalmente, para a Meia Maratona Internacional, me preparando para o ano de 2023.

Mas, não perdi a oportunidade. E a medalha,  claro! Fiz a minha inscrição para os 10km, pela Appai, na modalidade virtual, no primeiro semestre de 2022. 

E isto foi mais um estranhamento para quem há muito não sabia o que era participar de uma prova tão importante quanto aquela. As instruções eram claras: datas e horários definidos, local e modo de enviar o resultado para a comprovação e possível validação.

Não encontrei dificuldade naquela corrida  pois, apenas repeti o mesmo circuito de treinamento que vinha utilizando desde o final de 2021: a orla da praia de Sepetiba. 

Tendo recebido o certificado, o resultado e a medalha virtual, refiz o meu plano de treino para a Meia Internacional, que ocorreria pouco tempo depois. 

O que eu não sabia é que viria um entregador aqui em casa para me entregar uma camiseta e a medalha de participação. 



quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Dinossauros ainda correm por aí?! Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 03/2022)

Dinossauros ainda correm por aí?!

O que aquela geração dos anos 80 tinha como motivador para uma nova atividade física que despontava nas grandes cidades do Brasil eram os livros de Jim Fix, o homem que popularizou as corridas, o Guia completo de corrida (1977), exemplar de capa dura do Círculo do Livro e O novo livro de corrida (1980), que seguiram, no Brasil, à publicação  do Método Cooper: aptidão física em qualquer idade (1972), que virou sinônimo de corridas, do médico Kenneth Cooper, hoje com 91 anos. O jogging definitivamente chegará pra ficar. 



Passados 40 anos, a evolução do esporte não deslustra o valor daquelas obras que despontam como grandes incentivadores do que viria de transformar numa grande indústria de consumo, seguindo a onda neoliberal com a expansão do capital nos anos 80 em busca de novos mercados, notadamente, dos países periféricos, como o Brasil.




Do meu relógio analógico da Technos, com cronômetro com que completei minhas duas primeiras maratonas, às pulseiras inteligentes  passando pelos aplicativos com GPS e os tênis leves, de solas finas, de alta performance houve,  sem dúvida alguma  um salto quântico qualitativo!

Claro que são produtos muito pouco acessíveis à população de baixa renda, tendo em vista o corte de classe social  apesar da romântica visão democrática para alguns esportes e para o lazer. Não estou, aqui, falando do ócio, assunto para outra conversa!

Resta, portanto, a utilização dos celulares, presos por suportes no braço, com aplicativos gratuitos instalados e que, nem sempre funcionam adequadamente, dependendo tanto da tecnologia quanto da qualidade de recepção do sinal do GPS para o devido funcionamento do geolocalizador. 



E isto sem a incômoda faixa de borracha a ser afixada no peito para o monitoramento cardíaco, completamente incômoda e antiigiênica, devendo ser lavada imediatamente após cada corrida, experiência terrível que me fez descartar o meu relógio Speedo, na primeira semana de uso, devolvendo ao vendedor, assim como sua péssima proteção contra a chuva, mergulho e, por incrível que pareça, banho! 


Com chuva ou sol, a retirada dos kits - camiseta, chip, número de peito... - que antecedem as corridas, vão além de momentos de reencontro de antigos amigos, mas, também, autênticas feiras livres com expositores das novidades no mundo das corridas. 

Uma verdadeira tentação pra quem não se contenta apenas com as fotos nos painéis de divulgação nos stands e grandes salões. Há, desde camisetas e bermudas com tecidos especialmente desenvolvidos para corredores, assim como produtos alimentares, óculos, relógios, mochilas, squeezes e outros.



Se naqueles anos precisava medir os batimentos cardíacos com os dedos na veia do pescoço, agora, vem tudo no smartwhatch, o relógio via bluetooth. Vem, não! Vai. Os dados do monitoramento - frequência cardíaca, pulsão, passos, ritmo, distância, altimetria, calorias... - são armazenados em bases de dados nas nuvens.  Em tempo real!

Mas, a elaboração de planilhas assim como o meu diário ainda me são muito úteis e necessárias. Talvez aí - confesso! - seja um vício adquirido ao longo do tempo por quem gosta muito de correr. E de escrever! 

Portanto, claro que são gostosas, impagáveis e perenes as lembranças os momentos daqueles anos em que o staff das provas nem ao menos sequer dispunha de copos dágua descartáveis, patenteado em 1996 chegando junto com as garrafas de material termoplástico, os PETs, naquela década, no Brasil, já tendo sido utilizada bem antes nos EUAs e Inglaterra. 

Entretanto, milhares de copos descartáveis são largados no percurso das provas para serem recolhidos, como lixo biodegradável (?!) ao final das corridas.

Louvável é o esforço de alguns organizadores conscientes com a degradação ambiental e os riscos de uma catástrofe climática, como é o caso da Maratona de Londres, que, no ano de 2019, substituiu os copos descartáveis por bolsas de água comestíveis - sem sabor, desaparecendo em seis semanas -, indo ao encontro da sustentabilidade, evitando, assim, o acúmulo de lixo poluente, a despeito de toda ação de reciclagem.  

Também são servidos copos e embalagens tidos como biodegradáveis e descartáveis, como bebidas energéticas, ao longo das provas. Afinal, plástico é plástico: os oceanos, estômago dos peixes e a tartarugas que o digam.

Assim como o meu fiel relógio de aço cromado, também me lembro das balas de café e de amendoim, assim como da rapadura que não dispensava nas corridas daqueles anos em que contava com o apoio de minha ex companheira que, junto com minha filha mais velha, levava água, mais balas e banana pra mim durante o percurso.

Sobre a história e a evolução da Maratona do Rio, para quem pretende se deter e aprofundar no assunto, assim como os apaixonados pelas corridas, vale à pena a consulta tanto ao blog "A Maratona do Rio, na década de 80, da Contrarelógio, postado em 26/09/2017, assim como os artigos acadêmicos da área da educação física.

Agora, não só bebidas energéticas, repositores e isotônicos são servidos, como, também, há a disponibilidade de lounge, com tratamento vip, guarda volumes, massagem, posto médico dentre outros serviços que tornam a conclusão de uma maratona uma verdadeira chegada no Éden, além da medalha e da conclusão no tempo tão esperado. Logo, logo, o corpo se ressente, claro! 

Afinal, as centenas de milhares de batidas da sola do pé no chão refletem por todo o corpo, notadamente, na base da coluna, panturrilha e coxas onde o gelo e a massagem chegam como um alívio. Tanto quanto uma longneck bem gelada! Antes da tradicional macarronada cheia de molho. 


Os dinossauros, ao menos nas maratonas, ainda não foram extintos - e não sei se o serão! - pois, as histórias e memórias de algumas provas para as quais tanto nos preparamos e sonhamos realizar, são como projetos de vida em que, na medida de nossas possibilidades, procuramos incluir pessoas cuja companhia nos fazem e fizeram tão bem. 

Nossos amigos, familiares e, até mesmo anônimos que conhecemos somente no percurso da prova, como foi o caso do rapaz que me ajudou, na minha primeira maratona, não só a concluir aquela prova - correndo ! -, como, também, segurou o meu braço para eu não cair, compõe nossa passagem por esta vida e estada no planeta e, creio, necessário compartilhar tamanha experiência que pode nos tornar menos egoístas, conscientes de nossas responsabilidades com o planeta e, quem sabe, mais fraternos, generosos e solidários.


Night Run (1a etapa). Corridas: o prazer pela longevidade (Episódio 02/2022)

Nigth Run (1ª etapa)

Foi assim que decidi por participar, depois de 36 anos longe das corridas de rua, de uma prova de 12 km, a Nigth Run, com o percurso da orla de Botafogo, no Rio de Janeiro, até o Aterro do Flamengo, tendo obtido a 8ª colocação em minha categoria. 




Além de incluir pedaladas na minha planilha de treino, comecei acompanhar o canal do preparador físico, especialista em corridas, Rodrigo Bicudo, criador do programa #boracorrer,  do qual até hoje integro.

Minha alimentação sofreu, claro  sensíveis modificações, na medida que aumentou consideravelmente o meu gasto calórico. No meu cardápio adaptado às minhas necessidades, no café da manhã e lanche da tarde,  busco incluir ovo, batata  e milho cozidos, torrada com pasta de gergilim, café com leite (pingado) com cacau 100%, banana e granola que eu mesmo preparo.

Repito, quando possível, o almoço, aumentando o consumo de proteínas e não rejeito os carboidratos: adoro macarronadas e pão francês, principalmente a casquinha e o miolo. Com manteiga de coco temperada aquela iguaria que sobra do prato de minha companheira fica uma delícia no café da tarde. Ainda mais com a conversa gostosa da sua boa companhia, antes de buscar nosso filho na creche. 

Meu desafio continua sendo o consumo adequado de água e a diminuição do sal, apesar de que não ingerimos fritura, enlatados, alimentos preparados e refrigerante, consumimos poucos doces a não ser irresistiveis bolos da Jéssica, nos finais de semana, a que se juntam as baguete de gergilim com pasta de ricota, preferidos pelo José Vitor.

Correndo regularmente, descansando, sem abrir mão de uma latinha de cerveja pra brindar a vida, às sextas feiras e me alimentando bem, me senti muito confortável pra concluir aquelas duas voltas, do Monumento aos Pracinhas à Glória  mesmo não conseguindo superar a marca do treino.

Mas valeram cada metro daqueles 12 km, nos meus fabulosos 65 anos de idade, concluindo a prova com pressão 12 x 7, aferida pela médica do posto. 

Experiência maravilhosa, e primeira medalha dedicada ao meu filho, que não pode ir pois ainda não havia sido vacinado e da insegurança e os perigos das noites cariocas. Gostei muito do clima, daquela noite estrelada, no mês de maio, de 2022, contagiante e temperatura super agradável.


Organização exemplar: serviço de água, frutas, posto médico, batedores, lounge, guarda volumes e ao longo do percurso, sinalização e policiamento presentes. 

Pais e mães com seus filhos, nos ombros ou em carrinhos empurrados,  correndo com eles; Idosos, casais, jovens animados em equipes vindas de lugares distantes. 

Apesar de  haver  retirado meu kit no dia anterior, na sede da associação da minha categoria profissional,  a Appai, no Centro do Rio, deixei pra colocar o número de peito com o chip, pouco tempo antes da largada.

Um erro por ignorância e atraso na chegada por transporte coletivo: calculei mal o translado contando com a presteza do uber, o que, conforme a lei de Murphy, não teria como funcionar. 

Poderia ter pegado o VLT na saída da Estação Central do Brasil e, apenas caminhado da Glória até o Aterro  local da largada. Mas pensei errado e não consegui pedir um uber a tempo.

Na concentração, música estimulante e muita gente quase colada uas às outras  o que tornava tanto o alinhamento quanto a locomoção inviáveis. Impressionei-me, durante a corrida, com muitos corredores iluminando o trajeto com lanternas presas na testa

Depois daquela noite inesquecível, ainda contei com a recepção na casa de minha primogênita e do meu genro, o que espero retribuir logo. 

Torci pra que, no dia 3 de setembro, já estar correndo ao lado de uma de minhas filhas que também corre, o que ainda não será possível.

Organizando-me e me preparando pra próxima corrida, torço pela vacinação de todas as crianças e que brasileiras e brasileiros, em outubro deste ano, não repitam o mesmo erro e elejamos um presidente devidamente preparado para o cargo seguindo aproveitando intensamente a vida ao lado de quem amamos e nos amam! É o que vale!


terça-feira, 30 de agosto de 2022

O desafio de voltar a correr. Corridas: o prazer pela longevidade. (Episódio 01/2022)

O desafio de voltar a correr

Aos sessenta e um anos, um menino chegou na minha vida.  Já com tudo estabilizado: casado, servidor público, no último nível de formação acadêmica, faltando apenas juntar os documentos para me aposentar, pai de duas filhas, adultas casadas, formadas e, também, funcionárias públicas, presentes do meu meu primeiro casamento. 

Eu e Ana Paula, minha companheira  não havíamos planejado uma criança que, efetiva e definitivamente, mudou as nossas vidas, claro, pra bem melhor! 

Tudo se reveste de outros significados num casamento, depois de quase 30 anos!!!

Com a sua chegada, tudo mudou em nossas vidas, principalmente, nossos objetivos e planejamentos: tudo agora incluiria nosso filho! 



No seu segundo aninho de vida, e eu, prestes a concluir o doutorado com a defesa de minha tese,  o Brasil mergulha num pesadelo que persiste até o momento em que inicio este texto. 

Nosso país conhece o seu mais sinistro momento histórico: a eleição de um governante, que, ainda em sua campanha já havia se mostrado déspota, homofóbico, misógeno e fascista e, logo, logo seria percebido, além de despreparado para o cargo, algo bem pior.  

A luta pela liberdade e pela democracia sempre foi uma constante na minha vida e da minha família. Talvez ai resida a minha paixão por um dos esportes tão democrático quanto o futebol no nosso país: as corridas de rua. Elas atraem pessoas de todas as classes sociais, cor, religião, condição sexual, idade...

Estudante universitário,  participei do movimento pelas Diretas Já, após um longo período de ditadura civil militar, militei pelas causas sociais, consciente da minha classe social.

Estive presente em diversas manifestações históricas, dentre elas, a principal: o ato pela democracia na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, em 1988, quando, também, participei da minha primeira maratona, a do Rio de Janeiro.

Minha mãe e irmãos sempre militaram por um país justo e democrático e procuramos passar para os nossos filhos um pouco de nossa história e comprometimento na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Permanecemos tentando manter o estado de Direito democrático por mais de trinta anos antes do golpe contra a democracia e instalação de governo que iria facilitar as retiradas dos direitos dos trabalhadores, enriquecimento das elites às custas do empobrecimento das famílias brasileiras. 

Em meio ao caos social, fome e desemprego, uma nova tragédia, - claro, de maior magnitude! - acometeu, agora,  todo o planeta: a pandemia do novo coronavírus.

 Em seu primeiro ano, em 2020, ceifou a vida de 250 mil brasileiros, grande parte, devido à política genocida, que, aliada a uma propaganda negacionista de Jair Bolsonaro, com suas claras e eficazes ações para a rápida e maior disseminação do vírus.

Além do atraso na compra de vacinas, retardou o envio de balões de oxigênio para a cidade de Manaus  contribuindo para deslustrar a imagem do SUS, que já vinha sofrendo com sua depauperação 



José estava em seu primeiro ano de creche tendo comparecido a tão somente duas semanas de aula, apesar de toda a nossa alegria e entusiasmo com a sua felicidade. I

Isolados em nossa casa devido ao afastamento social necessário, passamos a viver uma realidade que jamais poderíamos ter imaginado e que sequer pudéssemos vir a viver: rígidos protocolos sanitários, uso de máscara e do álcool gel, ao receber, em nossa casa, motoboys trazendo produtos essenciais como alimentos e produtos farmacêuticos,  comprados por aplicativos de celular.


Em nosso nova rotina, passei a incluir algumas atividades físicas, na medida em que o tempo passava e a curva de mortes e contaminação seguia sem previsão de queda. Muito pelo contrário, devido à clara intenção do presidente, contrário ao lockdown e à vacinação compulsória.

Apesar de, há muito, não me dedicar às atividades físicas regularmente, a despeito de, até os primeiros anos do meu segundo casamento, correr, com minha esposa, em volta do Estádio do Maracanã e ainda praticar uma arte marcial, com o passar do tempo, deixe-me seduzir pela preguiça e me tornei sedentário.

Crianças e animais correm bem mais que adultos que se deixam levar pela posição sentada ou deitada. Bem diferente e a infância! Na escola, quando pequeno, meu grande amigo e colega, o Joel, me chamava de frango veloz. 

Também, era a maneira mais fácil que encontrava de fugir de apanhar dele quando eu, propositadamente, implicava com ele. bem maior e bem mais gordo do que eu que sempre fui bem magrinho. 

Entre 1988 e 1990, completei duas maratonas e uma corrida rústica e treinava regularmente no Alto da Boa Vista, já que morava na Tijuca, no Rio de Janeiro. 

Saía da Praça Saens Peña, na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca e seguia em direção ao Alto da Boa Vista.  De lá, passando pela Casa do Bispo, seguia até a Vista Chinesa e descia pelo Rio Comprido, já nas últimas semanas antes de minha  segunda  grande corrida. 

Assim,completei a Maratona do Rio de Janeiro, de 1990, em 4h13m, melhorando o meu tempo anterior, dois anos antes, em 39 minutos.

Foi num treino longo, de 30 km, nas semanas que antecederam a prova que descobri a necessidade da rotina de tudo durante o treinamento: a inobservância dos horários de alimentação. Precisei, às pressas, correr para o mato. 


Então, no ano de 2020, devido ao lockdown e isolamento social prescritos pelas autoridades sanitárias,  despeito das diversas tentativas de impedimentos do governo federal e de algumas prefeituras, mal sabia que, a suspensão das aulas presenciais na FAETEC duraria tanto tempo.

Naquele final do dia, fui um dos últimos professores a sair do prédio com a sensação de que, no máximo, em quinze dias, retornaríamos à normalidade.

Em função disto, sem a menor preparação ou planejamento, comecei a trabalhar em home office, e tivemos que nos organizar para que nosso filho tivesse o apoio necessário a uma fase de seu desenvolvimento que necessita sobremaneira de atividades lúdico e pedagógicas. 

Mas, sem a presença do amiguinho e da amiguinha, claro que seria apenas um paliativo, mesmo com meus vários anos de magistério, com especializações e pós graduação em educação, estudante de pedagogia e Ana Paula, com licenciatura plena, já graduada. 



Não nos faltou o devido apoio de quem pudesse nos orientar, principalmente da dinda Carol, pedagoga e coordenadora pedagógica, vovô, vovó e meus e minhas colegas de trabalho, que partilhavam realidade semelhante. 

Claro que logo percebi a necessidade de me esforçar para manter a sanidade, retornando com as sessões de terapia, agora, na modalidade online para o necessário equilíbrio psicológico. 
 

Entretanto, o corpo passou a se ressentir da falta de movimentos, das caminhadas, de subir e descer escadas, de algum esforço além dos poucos dentro de uma casa.

E, num dos meus isolamentos dentro de nossa casa - realidade estranha demais!, trancado em nosso quarto devido à suspeita de contaminação, ao visitar um colega, voltei a fazer exercícios físicos regulares o que, após a quarentena, evoluiu, seguindo o exemplo do meu sogro, para caminhadas no quintal da nossa casa. 

Parece que o corpo se acostuma com tudo, tanto o que é bom quanto com o que é ruim e, digo isto por experiência própria! 

Dois anos após a pandemia, com a queda nos números de óbitos e contaminação no mundo e campanha de vacinação avançando, o Brasil seguiu a tendência e o Rio de Janeiro e decreta o fim do isolamento social com o retorno progressivo das atividades econômicas e culturais. 

Talvez o sedentarismo compulsório tenha sido o grande motivador para pensar em voltar a correr. E isto depois de mais de 35 anos da minha última maratona concluída, entretanto, sedentário, não me arriscaria naquela tentação.



E não poderia ser diferente o início, caminhando pela orla de Sepetiba e, por aconselhamento médico, marquei consulta com vários especialistas, principalmente cardiologista, ortopedista e nutricionista. 

Enquanto caminhava e pedalava algumas vezes por semana, realizava vários exames e, assim permaneci por um ano: segurando uma vontade enorme de voltar a correr! 



Até que, tendo me adaptado a um ritmo confortável em mais de 5 km de caminhada, três dias por semana, retornei ao cardiologista que, depois de verificar pressão, batimentos cardíacos, os resultados de exames de sangue, ecocardiograma, ecodopler, transtoráxica, monitoramento de pressão arterial, teste ergométrico e outros, definitivamente, com os devidos aconselhamentos, me liberou pra voltar a correr o que, também, realizei bem devagar, começando com um ritmo e distância bem tranquilas, correndo pela orla, no final do ano de 2021.


Meu horário de trabalho  me permitia conciliar os treinos, ainda sem um planejamento definido, com o curso de pedagogia na modalidade online e a rotina da minha casa - preparar o café,  e, junto com Ana, acordar, arrumar e levar nosso filho pra creche saindo pro trabalho. 
Algum tempo perfeitamente adaptado a esta rotina, ao retornar, quando possível, ainda regava a grama e molhava as plantas.
E, esta rotina, me permitiu me sentir mais confortável ainda nos 10 km, com pace 7 a 8km/h. 

Sair de casa às 5hs da madrugada, muitas vezes ainda escuro, correndo pelas ruas do bairro, me fez acompanhar a rotina de uma outra Sepetiba, a dos trabalhadores e trabalhadoras com reciclados e, numa destas madrugadas, me impressionei com uma enorme carroça puxada por uma senhora: a pandemia agravou a situação dos pobres revelando abertamente a frieza, ganância e  insensibilidade dos governantes que além de se enriquecer mais ainda, favoreceram muitos dos grandes empresários brasileiros, que nunca lucraram tanto com a tragédia alheia.

Ao contrário do delivery de alimentos e produtos farmacêuticos e hospitalares, o trabalho com reciclados, devido à falta de descarte de embalagens, foi um serviço que sofreu muito com a pandemia e, agora, com o retorno à normalidade, volta a crescer tendo em vista o desemprego, a inflação e a perda de poder aquisitivo das famílias, notadamente, às mais pobres.

Ainda amargamos um desgoverno que não tem a menor capacidade de gerenciar um país continental como o Brasil, que depois de ter zerado a fome, com um programa de excelência inspirado na genialidade do Betinho, volta à linha da miséria e desnustrição crônica.

Não há espaço para estes e estas trabalhadoras dispor de tempo ou de uma adequada alimentação para a prática de algum esporte. A disputa ainda é pelos restos de comida às portas dos supermercados.

Entretanto, neste país de contrastes, há, também, aqueles que podem dispor de um tempo de ócio. Diferentes são as pessoas que encontro quando decido correr exclusivamente pela orla de Sepetiba, em busca de corridas planas, também longas, porém, de maior velocidade, sem disputar com os automóveis, pela ciclovia. 

São casais caminhando de mãos dadas e ouvindo música; uma militante da causa ecológica, catando pets pela areia da praia - nossa memorável e simpática Xuxa, a de Sepetiba -; bombeiros militares da base naval; rapazes que correm numa velocidade admirável, mocinhas com os seus legs e fones de ouvido, dentre outras e outros.

Assim como o cardiologista, a nutricionista comprou o meu desafio: chegar aos 75 anos em pleno vigor, com saúde plena, participando de maratonas, pois, com esta idade, José estaria com os seus 14 anos exigindo muito mais de mim.

A nutriconista me propôs uma dieta de baixo consumo de carboidratos, pois, ainda, não havia mergulhado num dos esportes aeróbicos de maior consumo de calorias: as corridas de rua rumo, com grandes percursos, ruma  às maratonas, pelo que, logo precisou ajustar o meu cardápio aumentando o poder calórico inserindo os flocos de quinoa junto aos ovos e peito de frango.

O meu maior desafio continuava sendo o de ganhar massa magra, pois, com a minha idade, o que é muito fácil, se descuidar da alimentação, com grande ingestão de proteínas, é emagrecer cada vez mais. A alimentação aqui em casa é estritamente ovolactovegetariana, e, portanto, aumentei a ingestão de oleaginosos e voltei a jantar sem descuidar do feijão com arroz diário, lentilha ou grão de bico junto com verduras e folhas escuras.

De duas a três vezes na semana, ainda consumo proteína animal, no almoço no trabalho, o que me satisfaz plenamente, muito mais pela saciedade que, propriamente, pela necessidade alimentar propriamente dita, já que, ainda que não coincida o cardápio do dia, não tenho sentido a fome que sentia antes da reformulação alimentar.

Minha esposa conhece bastante de alimentação vegetariana e vegana, na medida em que, desde a gravidez ela, não só continua cuidando de sua saúde como, também a do nosso filho, que adora brócolis rs

Passei a levar um mix de oleaginosos para o meu lanche, a fim de não passar de 3 horas sem me alimentar, e aumntei o consumo de banana e amendoim, inserindo a quinoa em minha alimentação diária.

Seguindo as orientações de um professor de educação física, também colega de trabalho, para voltar a correr, confiei meus planos a outro amigo e corredor, o Paulo, que me presenteou com um livro, que passou a ser o meu livro de cabeceira sobre corridas, do Dr. Dráuzio Varela. 

Além de trocar muita experiência, logo me convidou a participar de um grupo de corredores apaixonados, pelo WhatsApp, onde, a cada treino concluído, postamos nossos resultados e comentamos o dos colegas, motivando-nos a nos superar.


A festa do Capitão Zeca, o tesouro escondido no jardim dos gnomos.

As portas da nossa casa, ainda que de maneira bem estreita, reservada e cuidadosamente, foram abertas a poucas pessoas.



Mas, todo este cuidado não significou a expansão, o entusiasmo, as conversas gostosas e animadas, além da agradável bagunça das crianças à caça do tesouro escondido, e a viagem de navio, comandado por um pirata.


Assim, neste quarto aniversário de nosso menino, o José Vitor, ousamos receber, depois de afastamento devido a Covid,  com gratidão e generosidade nossos familiares. 



O Capitão Zeca não cabia dentro dele mesmo de tanto entusiasmo, energia e alegria, com os afagos, mimos e dengo das irmãs, cunhado, dindas, dindo, prima e primos, vovó, vovô, mamãe e papai.



E, claro, aproveitamos para inaugurar o jardim, muito desejado pelo aniversariante, que pediu -"Faz um jardim com gnomos pra mim e uma poção pra eles viverem, mamãe!".


Não bastasse a presença de tanta gente querida, Zeca ainda recebeu uma ligação de vídeo especial feita pelo seu grande amigo  - e herói! - o homem aranha,  que o chamou para, juntos, salvarem o mundo. E já começaram jogando a teia que nos une pelos laços de afeto.