terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Peter Pan: entre Sininho e Wendy, o caminho da felicidade

Como eu entendo que o lazer, o amor, os nossos sonhos de felicidade, assim como a imaginação tem de pertencer ao patrimônio de toda a humanidade, junto com todas as demais necessidades básicas que dignificam a condição humana, lá vai o primeiro da minha listinha "light", pra não encucucar durante o descanso merecido:

Peter Pan, James Barrie

Esta história, que completou seu centenário em 2004, é um clássico atemporal, mostrando uma visão honesta da infância.

Os personagens são fortes e significativos, assim como seus relacionamentos: há desde a rixa entre o Capitão Gancho e Peter Pan até o triângulo amoroso Wendy-Peter Pan-Sininho.



Este livro prova que história para criança não precisa ser boba. Aliás, não se trata só para elas: há mensagens para todas as idades, especialmente as que abordam o medo de crescer e a juventude perdida.

Convidados por Peter Pan para visitar a Terra do Nunca, Wendy e seus irmãos nem imaginam as surpresas que lhes esperam...

"livrosligth" para uma dieta a base de baixa caloria

Aproveitando o gancho do poster anterior...

“O que sobra na tua casa não é teu, mas daqueles que precisam lá fora!”

É o amor, a harmonia e paz que desejamos - e precisamos - multiplicar com os amigos.



Então, nós - agraciados pela sorte, com muito a agradecer e parcíssimos motivos pra reclamar - se entre uma brincadeira na areia fofa, umas braçadas num mar azulzinho, um beijo caliente e uma boa soneca, ainda nos faltar o que fazer.

Ou, numa daquelas tardes de chuva, quando os jogos entre os amigos terminarem e você sentir falta daquelas letrinhas que tanto te acompanharam durante todo o ano, que tal elegermos alguns livros pra gente levar em nossa mochila durante as férias?

É, tem gente, assim como eu, que nos dizemos "livrodependentes" - não passamos sem esta companhia super-agradável dos livros (impressos, diga-se de passagem!)e, junto com as raquetes, o snorkel e a sunga, os levamos conosco pra todo canto.

Então, que tal trocarmos figurinhas sobre o que estamos, não só lendo, como escutando e assistindo, tipo, cds e vídeos ?

A FUTILIDADE DA VIDA !! para refletir!!!

Olhe, reflita, antes de reclamar sobre a sua vida, sua comida, sua roupa, seu trabalho...veja seu próximo, no que cada um de nós pode fazer ...
Quando olhamos mais à nossa volta e nos doamos, estamos verdadeiramente, dando sentido à vida.
É tempo de agradecer por tudo que temos e de pensar no que podemos fazer para que as "futilidades"  não sejam  mais importantes do que nosso sentimento de amor, de solidariedade, de respeito pela vida.
Que neste novo ano, cada um de nós faça a diferença, pratique o bem!!! 

“O que sobra na tua casa não é teu, mas daqueles que precisam lá fora!”

Não acumule, distribua amor, amizade, sorrisos, paz...por um mundo melhor!!






terça-feira, 23 de dezembro de 2008

MAITHUNA - Sexo tântrico


Este livro tem por abordagem principal desmistificar crenças e paradigmas sobre o Tantra, que em geral são abordagens parciais, errôneas e delirantes, restritas ao aspecto sexual. É um dos mais completos tratados de magia operativa, além da sacralização da sexualidade e do amor.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Outras linguagens na escola


Um dos capitulos mais ricos deste livro é o "desenho animado e educação" em que a autora "procura verificar como as imagens são constuídas e absorvidas pelo público infantil e de que maneira a escola pode iniciar os alunos na leitura de novos textos."

Analisando o desenho animado Papa-léguas (Wile E. Coyote & Road Runner), Ligia Chiappiniinsere a questão do desenho na aprendizagem afirmando que "os alunos são telespectadores que gostam da TV e aprendem com ela: modos de falar, slogans, padrões de comportamento, informações, padrões de análise. Tudo isso se dá através da linguagem icônica ou imagética e da linguagem sonora.
Realmente, trata-se de um livro prático com rica exemplificação através de estudos de casos que podem servir como ponto de partida para uma re-visão da utilização das mídias em sala de aula.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Os contrários do amor



O amor é finalmente
Um embaraço de pernas,
Uma união de barrigas,
Um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,
Uma batalha de veias,
um reboliço de ancas
Quem diz outra coisa é besta.

(Gregório de Mattos Guerra, in O Boca de brasa,pág. 203)

sábado, 6 de dezembro de 2008

O amor natural


Carlos Drummond de Andrade

A bunda que engraçada

A bunda, que engraçada.

Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio.
Anda por sina cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.

Leia mais clicando na foto acima


sábado, 29 de novembro de 2008

Os Estatutos do Homem - Thiago de Mello


Assista ao vídeo clicando na imagem acima




Artigo I.







Fica decretado que agora vale a verdade,



que agora vale a vida



e que, de mãos dadas,



trabalharemos todos pela vida verdadeira.



Artigo II.



Fica decretado que todos os dias da semana,



inclusive as terças-feiras mais cinzentas,



têm direito a converter-se em manhãs de



domingo.



Artigo III.



Fica decretado que, a partir deste instante,



haverá girassóis em todas as janelas,



que os girassóis terão direito



a abrir-se dentro da sombra



e que as janelas devem permanecer, o dia



inteiro, abertas para o verde onde cresce a



esperança.

sábado, 8 de novembro de 2008

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

PEDAGOGIA DA AUTONONIA, Paulo Freirre


"Foram as suas idéias, professor, que permitiram a Lula, o metalúrgico, chegar ao governo. Isso nunca acontecera antes na história do Brasil e, quiçá, na do mundo, exceto pela via revolucionária. (....)

(...) A sua pegagogia, professor, permitiu que os pobres se tornassem sujeitos políticos. (...) Graças às suas obras, professor, descobriu-se que os pobres têm uma pedagogia própria. Eles não produzem discursos abstratos, mas plásticos, ricos em metáforas. Não moldam conceitos: contam fatos. Foi o senhor que nos fez entender que ninguém é mais culto do que outro por tem freqüentado a universidade ou apreciar as pinturas de Van Gogh, e a música de Bach. O que existe são culturas paralelas, distintas e socialmente complementares.

(...) O pobre sabe, mas nem sempre sabe que sabe. E quando aprende é capaz de expressões como esta que ouvi da boca de um senhor, alfabetizado aos 60 anos: "Agora sei quanta coisa não sei". (...) O senhor fez os pobres conquistarem auto-estima. Graças as seu método de alfabetização, eles aprenderam que "Ivo viu a uva" e que a uva que Ivo viu e não comprou é cara porque o país não dispõe de política agrícola adequada e nem permite que todos tenham acesso à alimentação básica.

(...) ao longo das últimas quatro décadas, seus "alunos" foram emergindo da esfera da ingenuidade para a esfera da crítica; da passividade à militância; da dor à esperança; da resignação à utopia. Convencido pelo senhor de que são igualmente capazes, eles foram progressivamente ocupando espaços na vida política brasileira, como militantes das CEBs, do PT, do MST e de tantos outros movimentos. Por este novo Brasil, muito obrigado porofessor Paul Freire."

Frei Beto

sábado, 11 de outubro de 2008

A ESTANTE DO AUTOR

Dez livros da biblioteca de Machado (guardada na ABL) - Rafael Pereira (Época, 29/09/2008) que o influenciaram

Viagem a Minha Terra
Almeida Garret
Machado chamou Garret de "um dos maiores da língua". O autor português completa, ao lado de Sterne e Maistre, a trinca de autores basilares para a criação de Brás Cubas e, por conseqüência, do início da fase não-romântica do autor.




















A Divina Comédia
Dante Alighieri
É um dos poemas que mais o inspiraram, principalmente em seus primeiros escritos. Segundo estudiosos, Machado fez em seus romances, contos, crônicas e cpoesias um total de 24 citações diretas ou indiretas à obra-prima de Dante.


A Família - A Mãe
Eugène Pelletan
É um estudo sobre como a mulher poderia conquistar postos políticos no fuuro. machado sugeriu o livro a Carolina. Ele era defensor dos direitos da mulher.

A Vida e Opiniões de Tristram Shandy
Laurence Sterne
A história de um homem por ele próprio em um texto irônico e digressivo. Soa familiar? As semelhanças com Memórias Pósumas de Brás Cubas não são coincidências. Apontado por estudiosos como o romance preferido de Machado de Asis, Tristram Shandy foi o gande reponsável pela metamorfose do romantismo ao humorismo.
Viagens ao Redor do Meu Quarto
Xavier de Maistre
Citado em Memórias Póstumas..., Maistre foi outra influência na segunda fase do escritor. Se Brás Cubas, segundo Machado, através de seu eu-lírico, foi escrito "com a pena da galhofa e as tintas da melancolia", muito da galhofa foi inspirada em Maistre.
Otelo, o Mouro de Veneza
William Shakespeare
Machado tinha as obras completas do escritor inglês em sua biboliteca, e muitos estudos sobre o autor apontam uma ligação seminal entre seu maior romance, Dom Casmurro, e Otelo.
Oliver Twist
Charles Dickens
No começo da vida literária, em 1873, Machado citou Charles Dickens como uma de suas maiores influências na confecção de contos. na mesma década, iniciou a tradução para o português de Oliver Twist, de Dickens. Desistiu depois de concluir 28 dos 53 capítulos.
Tragédias
Sófocles
Segundo um estudo que detectou as marcas de dedos nos livros da biblioteca, Les Tagédies, a coletânea em francês das tragédias de Sófocles, era um dos livros mais manuseados pelo autor.
Dom Quixote de La Mancha
Miguel de Cervantes
Foi um de seus livros de cabeceira. O médico Simão Bacamarte e o boticário Crispim Soares, da novela O Alienista, de Machado de Assis, seriam, segundo especialistas, paródias de Dom Quixote e seu fiel escudeiro, Sancho Pança.
O Mundo como Vontade e Representação
Arthur Schopenhauer
Na biblioteca estavam as obras completas do filósofo alemão. ele herdou a visão pessimista. Citou-o no conto "O Autor de si mesmo", dizendo-se inspirado por um dos capítulos de O Mundo como Vontade e Representação.
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sábado, 4 de outubro de 2008

O Bruxo do Cosme Velho


"As personagens de Machado são profundamente brasileiras, mas seus traços de brasilidade não se identificam aos traços que a tradição literária romântica nos ensinou a considerar brasileiros, como por exemplo o índio corajoso e exótico, ou o sertanejo folclórico e pitoresco. Não. A brasilidade de Machado de Assis evita falar de índios coloridos e tipos regionais.

A brasilidade de Machado consiste, assim, na fidelidade com que o romancista traz para seus romances todo o ambiente da sociedade urbana brasileira, miniaturizada nos salões e grupos humanos do
Segundo Império e dos primeiros anos da República. Machado recria, em seus romances, o mundo carioca (e brasileiro) de uma sociedade arcaica, cujos hábitos antigos e cerimoniosos e cujas atitudes cnvencionais dissimulavam, na boa educação e nos modos polidos, toda a violência de uma sociedade escravocrata, onde o apadrinhamento e o "jeitinho" solucinavam, sempre que necessário, as situações geradas por uma estrutura social assentada nos privilégios e numa divisão desigual dos bens." (LAJOLO, M. Literatura Comentada - Machado de Assis. São Paulo: Abril Educação, 1980)

CAPÍTULO CLX - Das negativas

"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padecia a morte de Dona Plácida, nem a semi-demência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. ( ASSIS, Machado.
Memórias Póstumas de
Brás Cubas
. Brasília. Civiliz
ação Brasileira/MEC, 1975)




e agora, passeie procurando as palavras por trás das palavras...

A UM BRUXO, COM AMOR

Em certa casa da Rua Cosme Velho
(que se abre no vazio)
venho visitar-te; e não me recebes
na sala trastejada com simplicidade
onde pensamentos idos e vividos
perdem o amarelo
de novo interrogando o céu e a noite.


Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro.
Daí esse cansaço nos gestos e, filtrada,
uma luz que não vem de parte alguma
pois todos os castiçais
estão apagados.
Contas a meia voz
maneiras de amar e de compor os ministérios

e deitá-los abaixo entre malinas
e bruxelas.
Conheces a fundo
a geologia moral dos Lobo Neves
e essa espécie de olhos derramados que não foram feitos para ciumentos.
E ficas mirando o ratinho meio cadáver
com a polida, minuciosa curiosidade
de quem saboreia por tabela
o prazer de
Fortunato, vivisseccionista amador.
Olhas para a guerra, o murro, a facada
como para uma simples quebra da monotonia universal
e tens no rosto antigo
uma expressão a que não acho nome certo

(das sensações do mundo a mais sutil):
volúpia do aborrecimento?
ou, grande lascivo, do nada?

O vento que rola do Silvestre leva o diálogo,
e o mesmo som do relógio, lento, iqual e seco,
tal um pigarro que parece vir do tempo da Stoltz e do gabinete Paraná,
mostra que os homens morreram.
A terra está nua deles.
Contudo, em longe recanto,
a ramagem começa a susurrar alguma coisa
que não se entende logo
e parece a canção das manhãs novas.
Bem a distingo, ronda clara:
É
Flora,
com olhos dotados de um mover particular
ente mavioso e pensativo;
Marcela, a rir com expressão cândida (e outra coisa);
Virgília,
cujos olhos dão a sensação singular de luz úmida;
Mariana, que os tem redondos e namorados;
e Sancha, de olhos intimativos;
e os grandes, de
Capitu, abertos como a vaga do mar lá fora,
o mar que fala a mesma linguagem
obscura e nova de
D. Severina
e das chinelinhas de alcova de Conceição.
A todas decifrastes íris e braços
e delas disseste a razão última e refolhada
moça, flor mulher flor
canção de manhã nova...
E ao pé dessa música dissimulas (ou insinuas, quem sabe)

o turvo grunhir dos porcos, troça concentrada e filosófica
entre loucos que riem de ser loucos
e os que vão à Rua da Misericórdia e não a encontram.

O eflúvio da manhã,
que o pede ao crepúsculo da tarde?
Uma presença, o clarineta,
vai pé ante pé procurar o remédio,
mas haverá remédio para existir
senão existir?
E, para os dias mais ásperos, além
da cocaína moral dos bons livros?
Que crime cometemos além de viver
e porventura o de amar
não se sabe a quem, mas amar?


Todos os cemitérios se parecem,
e não pousas em nenhum deles, mas onde a dúvida
apalpa o mármore da verdade, a descobrir
a fenda necessária;
onde o diabo joga dama com o destino
estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro,
que revolves em mim tantos enigmas.


Um som remoto e brando
rompe em meio a embriões e ruínas,
eternas exéquias e aleluias eternas,
e chega ao despistamento de teu pencenê.
O estribeiro Oblivion
bate à porta e chama ao espetáculo
promovido para divertir o planeta Saturno.
Dás volta à chave,
envolves-te na capa,
e qual novo Ariel, sem mais reposta,
sais pela janela, dissolves-te no ar.
(DRUMMOND, Carlos Drummond de Andrade. Reunião. RJ, José Olympio, 1980)

...e a respeito da fidelidade de Capitu?


...e sobre o amor de Machado por Carolina ?


Afinal, o que o Bruxo nos deixou, mesmo, foi um montão de mistérios.


Quem não os penetra serve de troça aos piparotes do Cubas em meio às traças roendo suas memórias, rssss

















Quer saber mais ? Então venha AQUI...



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domingo, 28 de setembro de 2008

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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

SIMPLICIDADE E SABEDORIA

Brincando com as palavras, idéias, inspirando pensamentos , resgatando o que julgávamos esquecido...

"Compreendi que a vida não é uma sonata que, para realizar sua beleza, tem que ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade.
Um único momento de beleza e de amor justifica a vida inteira."

ALVES, Rubem
Concerto para corpo e alma.
Papirus, 2003, 11ª. ed.

"Os jovens e os adultos pouco sabem sobre o sentido da simplicidade. Os jovens são aves que voam pela manhã: seus vôos são flechas em todas as direções. Seus olhos estão fascinados por 10.000 coisas. Querem todas, mas nenhuma lhes dá descanso. Estão sempre prontos a de novo voar. Seu mundo é o mundo da multiplicidade. Eles a amam porque, nas suas cabeças, a multiplicidade é um espaço de liberdade. Com os adultos acontece o contrário. Para eles a multiplicidade é um feitiço que os aprisionou, uma arapuca na qual caíram. Eles a odeiam, mas não sabem como se libertar. Se, para os jovens, a multiplicidade tem o nome de liberdade, para os adultos a multiplicidade tem o nome de dever. Os adultos são pássaros presos nas gaiolas do dever. A cada manhã 10.000 coisas os aguardam com as suas ordens (para isso existem as agendas, lugar onde as 10.000 coisas escrevem as suas ordens!). Se não forem obedecidas haverá punições.
No crepúsculo, quando a noite se aproxima, o vôo dos pássaros fica diferente. Em nada se parece com o seu vôo pela manhã. Já observaram o vôo das pombas ao fim do dia? Elas voam numa única direção. Voltam para casa, ninho. As aves, ao crepúsculo, são simples. Simplicidade é isso: quando o coração busca uma coisa só.
Jesus contava parábolas sobre a simplicidade. Falou sobre um homem que possuía muitas jóias, sem que nenhuma delas o fizesse feliz. Um dia, entretanto, descobriu uma jóia, única, maravilhosa, pela qual se apaixonou. Fez então a troca que lhe trouxe alegria: vendeu as muitas e comprou a única.
Na multiplicidade nos perdemos: ignoramos o nosso desejo. Movemo-nos fascinados pela sedução das 10.000 coisas. Acontece que, como diz o segundo poema do Tao-Te-Ching, “as 10.000 coisas aparecem e desaparecem sem cessar.” O caminho da multiplicidade é um caminho sem descanso. Cada ponto de chegada é um ponto de partida. Cada reencontro é uma despedida. É um caminho onde não existe casa ou ninho. A última das tentações com que o Diabo tentou o Filho de Deus foi a tentação da multiplicidade: “Levou-o ainda o Diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a sua glória e lhe disse: ‘Tudo isso te darei se prostrado me adorares.’“ Mas o que a multiplicidade faz é estilhaçar o coração. O coração que persegue o “muitos“ é um coração fragmentado, sem descanso. Palavras de Jesus: “De que vale ganhar o mundo inteiro e arruinar a vida?“ (Mateus 16.26).
O caminho da ciência e dos saberes é o caminho da multiplicidade. Adverte o escritor sagrado: “Não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne“ (Eclesiastes 12.12). Não há fim para as coisas que podem ser conhecidas e sabidas. O mundo dos saberes é um mundo de somas sem fim. É um caminho sem descanso para a alma. Não há saber diante do qual o coração possa dizer: “Cheguei, finalmente, ao lar“. Saberes não são lar. São, na melhor das hipóteses, tijolos para se construir uma casa. Mas os tijolos, eles mesmos, nada sabem sobre a casa. Os tijolos pertencem à multiplicidade. A casa pertence à simplicidade: uma única coisa.
Diz o Tao-Te-Ching: “Na busca do conhecimento a cada dia se soma uma coisa. Na busca da sabedoria a cada dia se diminui uma coisa.“
Diz T. S. Eliot: “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?“
Diz Manoel de Barros: “Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar. Sábio é o que adivinha.“
Sabedoria é a arte de degustar. Sobre a sabedoria Nietzsche diz o seguinte: “A palavra grega que designa o sábio se prende, etimologicamente, a sapio, eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphus, o homem do gosto mais apurado. “A sabedoria é, assim, a arte de degustar, distinguir, discernir. O homem do saberes, diante da multiplicidade, “precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço.“ Mas o sábio está à procura das “coisas dignas de serem conhecidas“. Imagine um bufê: sobre a mesa enorme da multiplicidade, uma infinidade de pratos. O homem dos saberes, fascinado pelos pratos, se atira sobre eles: quer comer tudo. O sábio, ao contrário, para e pergunta ao seu corpo: “De toda essa multiplicidade, qual é o prato que vai lhe dar prazer e alegria?“ E assim, depois de meditar, escolhe um…
A sabedoria é a arte de reconhecer e degustar a alegria. Nascemos para a alegria. Não só nós. Diz Bachelard que o universo inteiro tem um destino de felicidade.
O Vinícius escreveu um lindo poema com o título de “Resta…“ Já velho, tendo andado pelo mundo da multiplicidade, ele olha para trás e vê o que restou: o que valeu a pena. “Resta esse coração queimando como um círio numa catedral em ruínas…“ “Resta essa capacidade de ternura…“ “Resta esse antigo respeito pela noite…“ “Resta essa vontade de chorar diante da beleza…“. Vinícius vai, assim, contando as vivências que lhe deram alegria. Foram elas que restaram.
As coisas que restam sobrevivem num lugar da alma que se chama saudade. A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as experiências que deram alegria. O que valeu a pena está destinado à eternidade. A saudade é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo. É para isso que necessitamos dos deuses, para que o rio do tempo seja circular: “Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás…“ Oramos para que aquilo que se perdeu no passado nos seja devolvido no futuro. Acho que Deus não se incomodaria se nós o chamássemos de Eterno Retorno: pois é só isso que pedimos dele, que as coisas da saudade retornem.
Ando pelas cavernas da minha memória. Há muitas coisas maravilhosas: cenários, lugares, alguns paradisíacos, outros estranhos e curiosos, viagens, eventos que marcaram o tempo da minha vida, encontros com pessoas notáveis. Mas essas memórias, a despeito do seu tamanho, não me fazem nada. Não sinto vontade de chorar. Não sinto vontade de voltar.
Aí eu consulto o meu bolso da saudade. Lá se encontram pedaços do meu corpo, alegrias. Observo atentamente, e nada encontro que tenha brilho no mundo da multiplicidade. São coisas pequenas, que nem foram notadas por outras pessoas: cenas, quadros: um filho menino empinando uma pipa na praia; noite de insônia e medo num quarto escuro, e do meio da escuridão a voz de um filho que diz: “Papai, eu gosto muito de você!“; filha brincando com uma cachorrinha que já morreu (chorei muito por causa dela, a Flora); menino andando a cavalo, antes do nascer do sol, em meio ao campo perfumado de capim gordura; um velho, fumando cachimbo, contemplando a chuva que cai sobre as plantas e dizendo: “Veja como estão agradecidas!“ Amigos. Memórias de poemas, de estórias, de músicas.
Diz Guimarães Rosa que “felicidade só em raros momentos de distração…“ Certo. Ela vem quando não se espera, em lugares que não se imagina. Dito por Jesus: “É como o vento: sopra onde quer, não sabes donde vem nem para onde vai…“ Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem. Mas só dominam essa arte aqueles que têm a graça da simplicidade. Porque a alegria só mora nas coisas simples.
(Concerto para corpo e alma, pg. 09.)

domingo, 31 de agosto de 2008

A terceira margem do rio

Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo n´água, proava pra cá, concordando. E eu tremi, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto - o primeiro, depois de tamanhos anos dsecorridos! E eu não podia... Por pavor, arrepiados os cabelos, corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado. Porquanto que ele me pareceu vir: da parte de além. E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão.
Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimenteo? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro - o rio.


(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. José Olympio, RJ, 1988, p. 37)
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poetinha

Soneto de inspiração

Não te amo como uma criança, nem
Como um homem e nem como um mendigo
Amo-te como se ama todo o bem
Que o grande mal da vida traz consigo.

Não é nem pela calma que me vem
De amar, nem pela glória do perigo
Que me vem de te amar, que te amo; digo
Antes que por te amar não sou ninguém.

Amo-te pelo que és, pequena e doce
Pela infinita inércia que me trouxe
A culpa de te amar – soubesse eu ver

Através de tua carne defendida
Que sou triste demais para esta vida
E que és pura demais para sofrer.

Vinícius de Moraes

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sábado, 30 de agosto de 2008

PERDAS E GANHOS

Meu livro atual, um presente especial!

Um diálogo sobre inquietações do universo feminino, nos fazendo repensar nossa própria trajetória.

'A vida não tece apenas uma teia de perdas mas nos proporciona uma sucessão de ganhos.'










Perdas & Ganhos
Luft, Lya
Record, 32ª. edição ,2006



Não sou a areia
Onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério.
A quatro mãos escrevemos o roteiro
para o palco do meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério. (p.12)
Fruto de enganos ou de amor,
nasço de minha própria contradição.
O contorno da boca,
a forma da mão, o jeito de andar
(sonhos e temores incluídos)
virão desses que se formaram.
Mas o que eu traçar no espelho
há de se armar também
segundo o meu desejo.
Terei meu par de asas
cujo vôo se levanta desses
que me dão a sombra onde eu cresço
como, debaixo da árvore,
um caule
e sua flor. (p.20)

O canto do irmão Sol

Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as tuas criaturas,
especialmente pelo irmão Sol,
que gera o dia e pelo qual nos iluminas,
Ele é belo e radiante
com grande esplendor
e de ti, Altíssimo, nos
traz a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,
por irmã Lua e as Estrelas
que formaste no céu, claras,
preciosas e belas.
Louvado sejas, meu
Senhor,
pelo irmão vento, pelo ar, nuvem,
orvalho, firmamento, pelas
quatro estações
com que asseguras nutrição
e saúde às criaturas.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água
que se arrasta útil,
humilde
preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão
fogo,
fonte de calor que aclara a noite,
belo, jocundo, varonil e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,
por nossa mãe terra,
que produz o
tesouro vegetal
de frutas, flores e ervas.

(Francisco de
Assis, in PIERAZZI, Rina Maria. Clara, a companheira de Francisco. Ed.
Paulinas, São Paulo: 4ª ed., 1994, pág. 148)
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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Um anjo torto

POESIA

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

(ANDRADE, Carlos Drummond. in Reunião. José Olympio, Rio de Janeiro, 10ª ed. 1980)
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Superiores ? Em quê ?

"Somos inteligentes para construir computadores
capazes de processar milhões de cálculos por segundo. Inventamos máquinas que
substituem o trabalho de mil homens e construímos usinas nucleares que produzem
milhões de kilowats de potência por hora. Nos julgamos "superiores", porque somos
capazes de criar vírus e modificar bactérias nos laboratórios. Mas, com que
objetivo temos realizado tudo isso? E a que resultados tem levado tudo isso? A rigor, a parafernália tecnologica, sob a égide do capitalismo, tem servido,
fundamentalmente, para alimentar a voracidade obssessiva com que estão sendo
consumidos os recursos naturais da Terra e com a qual se explora da forma mais
desumana possível a força de trabalho de milhões e milhões de seres humanos em
todas as partes do planeta.
A espécie humana é, hoje, a maior portadora de
doenças dentre todas as espécies vivas existentes na face da terra, além de ser,
para nosso desencanto , a que possui o maior índice de violência coletiva já
observado na história de todas as espécies que habitaram nosso planeta
."
(RONALD, César. O mito da superioridade humana. Estúdio Cem, Rio de Janeiro, 1986, pág. 118)
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O fabricante de tendas

"Nada de largas esperanças, nada de grandes ilusões. A vida há de ser sempre uma constante renúncia. Renunciemos, pois, serenamente, sem reclamações: só assim evitaremos capitulações humilhantes. Renunciemos ao que nos parece ser a sublime ventura, e não perderemos muita coisa, pois não passa de amarga mentira, de dolorosa ilusão. Evitemos decepções. Mas que a renúncia não traia o desespero e, se desespero houver no fundo da alma, que não suba à flor dos lábios, que não ensombre a luz dos olhos, - nunca exploda numa imprecação de revolta, e se dilua num sorriso, que pode ser amargo... "
Tristão de Athayde, in KHÁYYÁM, Omar. Rubáiyát. José Olympio ed., Rio de Janeiro, 1955Posted by Picasa

Com versos, com Deus (Eraldo Maia e Chico Alencar)


É Deus neste papel
que já foi branquinho
e agora jaz sob as letras
de umas tantas palavras

é Deus na ponta da caneta
numa esfera minúscula
é Deus nos meus olhos que olham
e no meu pensamento que não entende
e no meu coração que esplende
porque é nele Deus

é Deus no ar da chuvinha
fria muito fria
nos barulhos pequenos das pessoas
também é Deus
é Deus nas pessoas
em mim
é Deus nos movimentos das pessoas
é Deus pairando sobre tudo e morando em tudo

é Deus na idéia
no gesto
no pedido que alguém faz(dá licença?)
é Deus no ato e na face e no esperar
de todas as pessoas

é Deus acolhendo e sendo
é Deus com sua luz luzindo
é Deus clareando a noite
e nos dizendo
sou Eu

sou Eu aqui ali e lá e acolá
sou Eu algures e alhures
sou Eu mesmo
o único Deus
misterioso e inefável Deus
no papel que jaz sob as letras
das palavras
e no silêncio grande que se constrói
também é Deus
especialmente no silêncio grande
que se constrói

(MAIA; Eraldo. ; ALENCAR, Chico. Com versos, com Deus: conversas diárias em poemas de fé. SP; Editora Salesiana, 2002. p. 20-21)


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Palavras aéreas


UMA GALERA COM UM AMOR EM COMUM...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ó de casa ? Tem gente !


Nossas origens além da chegada do europeu. É que cismam em dizer que a gente foi "descoberto"!